A alegria da casa própria é inegável para os moradores dos recém-inaugurados residenciais do Fidélis, onde vivem cerca de 60 famílias, em Blumenau. Pouco mais de quatro meses instalados nos prédios novos, que foram entregues pelo poder público em 20 de dezembro de 2017, moradores enfrentam dificuldades para solucionar problemas de infraestrutura identificados nos imóveis. Eles custaram aproximadamente R$ 5 milhões, conforme anúncio da administração municipal na época. Os relatos são os mais variados. Desde desnível no piso, falhas na fiação elétrica, vazamentos de água e gás, infiltrações e fissuras nas paredes.
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No apartamento onde Marisa Cristina Moraes vive com o marido e dois filhos os problemas começaram antes mesmo da mudança, com uma pequena lasca na parede do quarto do casal. A falha foi identificada na vistoria antes da entrega das chaves e a construtora fez o conserto. Na primeira chuva forte em seguida, porém, ficou claro que não havia sido o suficiente. Em um vídeo gravado em 29 de março, a promotora de vendas mostra o que precisou fazer para evitar que a cama dela e do bebê de nove meses acabassem molhadas em virtude das infiltrações. Nas imagens é possível observar um balde suspenso. O mesmo acontece na sala, de onde a água vai para o corredor do prédio.
– A gente procura uma solução, porque dessa forma não tem mais condições. Estamos pagando e tudo o que pedimos é uma ajuda, porque estamos desamparados – desabafa a mulher de 34 anos.
Em outra torre do condomínio, Geneuci dos Santos Andrade também sofre com infiltrações. Ela aguardou ansiosa pelas chaves do apartamento, mas conta que o sentimento de alegria foi substituído pela preocupação. Uma fissura na parede do quarto, vista por dentro e por fora do imóvel, é que tira o sono dela. Quando chove, verte água pelo local e a dona de casa suspeita que um pedaço do reboco da parede possa cair a qualquer momento, pois está inchado.
– Fico preocupada, porque queria poder arrumar tudo do jeito que sempre sonhei, mas agora estou desanimada, pois não sei como vai ficar a situação – lamenta Geneuci.
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No apartamento da Juliana Aparecida da Silva o desafio é superar os desníveis do piso. O problema é relatado por muitos moradores, principalmente no banheiro, onde ao invés de a água ir para o ralo acaba indo para outras peças da casa. Para muitos, pode parecer uma falha pequena, mas ela e uma das filhas têm problemas de visão, o que as coloca em perigo. As falhas estão também nos quartos, na cozinha e se estendem à área comum do prédio.
– A luz do primeiro andar só queima e isso é perigoso para a pequena, ela já chegou a cair. Tenho medo de que ela se machuque – relata a mãe sobre mais uma dificuldade estrutural do condomínio.
O problema com iluminação foi, inclusive, o que adiou a mudança de Josiele Mendonça. Ela pagou aluguel por mais dois meses depois da inauguração do residencial e só foi para o imóvel em fevereiro. O motivo, segundo ela, era a falta de luz em parte da casa. Os quartos não tinham energia elétrica e com duas crianças a família precisou aguardar o conserto para poder entrar na casa nova.

CONTRAPONTOS
O que dizem os envolvidos com o condomínio:
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Construtora Melchioretto Sandri, empresa que ergueu os prédios
O diretor de obras da empresa, Marcos Melchioretto, afirmou que não tem conhecimento de todas as demandas citadas na reportagem. Disse estar diariamente com equipes no condomínio, porém, frisou haver uma falha de comunicação com a administradora dos residenciais, o que tem dificultado a resolução dos problemas. Segundo ele, não há apontamento adequado das falhas para que seja feito o devido conserto. Melchioretto reiterou a importância de os moradores registrarem as falhas no canal da Caixa Econômica Federal, por meio do qual a construtora tem 48 horas para solucionar a demanda ou emitir um parecer. Disse ainda que todas as semanas envia à Caixa um relatório dos serviços feitos nos prédios. Por fim, informou que até a última sexta-feira tinham apenas três reparos em andamento.
Administradora F7, empresa que administra o condomínio
A proprietária da empresa que administra o condomínio, Fernanda Lamin, informou à reportagem ter total conhecimento das reclamações feitas pelos moradores e destacou que reiteradas vezes repassou as demandas à construtora, mas não foi atendida. De acordo com ela, os reparos são feitos de forma parcial, mesmo diante da insistência em contatos frequentes para que os problemas sejam efetivamente solucionados
Caixa Econômica Federal, quem financiou as obras
Por meio da assessoria de imprensa, o órgão responsável pelo financiamento dos imóveis reiterou a importância de os moradores registrarem as ocorrências no canal De Olho na Qualidade (0800 721 6268), destinado exclusivamente aos imóveis do programa Minha Casa Minha Vida. Informou que todas as demandas que chegam por este canal a construtora tem prazo para solucionar, o que permite monitorar a qualidade dos empreendimentos. Apontou também que os prédios têm um ano de garantia total para todas as questões de infraestrutura, mais as garantias previstas no manual do morador. Desde quando foi entregue até última sexta-feira, segundo a assessoria de imprensa da Caixa, foram registradas 10 reclamações.
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