O produtor musical Diego Thomas Bernardes Pereira, de 36 anos, vive diariamente com uma preocupação que está ao lado da sua casa. Uma estrutura que deveria protegê-lo está tirando seu sono. É um muro de contenção construído pela prefeitura há um ano, mas que está inacabado, apresenta rachaduras e solta pedras sempre que chove.
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Segundo Diego, a barreira foi feita de pedras para conter um barranco que fica na lateral da casa, na Monsenhor Topp, Centro de Florianópolis. Em princípio, teria de ser feito para conter uma pedra, ao lado. A promessa da prefeitura era erguer o muro em toda a extensão e construir uma vala atrás para escoar a água da chuva.
— Eu estou esperando até hoje a conclusão desta obra. Faz quase um ano e piorou muito. Antes deste muro não escorria água nem barro, a água escorria pra baixo sem atingir minha casa.
A construção foi realizada por uma empresa terceirizada contratada pela prefeitura em meados de abril do ano passado. Na época, de acordo com o morador, construiu apenas uma parte do muro, sem acabamento e os reparos para evitar o acúmulo de água. A empresa teria sido notificada pelo município, porém, até hoje, não foi concluir o serviço, que já está se deteriorando.
— Toda vez que chove cai um pouco do muro no meu quintal. Atrás tem barro, que também escorre para a minha casa. Ele já está todo rachado, o material usado está esfarelando e escorrendo água pelas fissuras — relara Diego.
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O imóvel abriga quatro famílias, sendo três quitinetes no andar debaixo e uma residência em cima. Uma delas vive a filha de Ana Bacca, 51.
— Eu fico extremamente preocupada com ela, não vejo a hora de terminar a construção da minha casa para ela se mudar também – conta Ana, que está erguendo sua residência um pouco mais acima das quitinetes.
Outra casa atingida é a de Silvio Orlando Vieira, 55, que fica no terreno ao lado e abaixo das quitinetes. Silvio conta que toda vez que chove o barro que desce vai parar na porta da casa dele. Na semana anterior ao Carnaval, os vizinhos fizeram uma vaquinha para construir um pequeno muro no terreno de Silvio para segurar o barro. Porém, ele não consegue dormir sossegado porque sabe que o problema ainda não foi resolvido.
— Já tenho três chamados na Defesa Civil e protocolei outro na prefeitura pedindo para que eles viessem aqui olhar isso porque tem perigo que cair tudo, mas eles não deram nem previsão.
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Segundo os moradores, se o muro desabar pode atingir 13 pessoas. Diego também já procurou a prefeitura, a Defesa Civil e o Ministério Público para pedir uma solução.
— Venho fazendo com recursos próprios obras para desviar a água e evitar que ela vá para trás do muro que está puro barro e infiltração, porém, são paliativos que não resolvem o problema em questão – diz.
O medo dos moradores da Monsenhor Topp aumenta com a lembrança de dois casos recentes. No dia 24 de janeiro, a forte chuva que caiu na Grande Florianópolis provocou o desabamento de um muro na Rua Manoel José dos Santos na Fazenda Santo Antônio, em São José. Uma adolescente de 12 anos morreu. A queda da barreira foi por volta das 7h.
No dia 18 de fevereiro, oito quitinetes foram interditadas pela Defesa Civil de Florianópolis após um muro desabar sobre uma casa na Servidão Casemiro Manoel Elesbão, no bairro Saco Grande. Isso ocorreu após as fortes chuvas que atingiram a cidade no dia anterior, causando transtorno em várias cidades do Estado.
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A SOLUÇÃO
Após ser procurada pela reportagem na semana passada, técnicos da Defesa Civil de Florianópolis estiveram no local para avaliar a situação. Segundo o chefe do setor de atividade técnica do órgão, Marcos Roberto Leal, um laudo será produzido e entregue à Secretaria de Infraestrutura, que deverá tomar as providências.
De acordo com Leal, em um primeiro momento, foi observado que o muro não apresenta risco iminente de rompimento, porém é preciso que seja feito o acabamento da estrutura.
— O muro tem estabilidade, mas o problema é que ficou inacabado, e com o alto índice pluviométrico que estamos tendo (muita chuva), algumas pedras estão caindo porque não foi feito o acabamento nas pontas — diz.
O laudo técnico da Defesa Civil será encaminhado à Infraestrutura. De acordo com a assessoria de comunicação da pasta, a secretaria já está sabendo do caso e deve fazer um levantamento da situação para, em seguida, executar a obra. O prazo para os reparos informado pela assessoria é até abril.
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Leal nem a assessoria da secretaria souberam informar porque a obra não foi concluída. O caso está sendo verificado.
ONDE COBRAR
Faça contato com a Defesa Civil da Capital pelo telefone (48) 3224-0527 ou pelo e-mail defesacivilflorianopolis@gmail.com. A entidade fica na Rua Deodoro, 209, Centro. O atendimento é de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. Para emergências é só ligar no 199, a ligação é gratuita. A Secretaria de Infraestrutura atende pelo (48) 3251-6303, de segunda a sexta-feira, das 10h às 19h.
Também há a ouvidoria do município, que atende pelo (48) 3251-6175 ou e-mail ouvidoria@pmf.sc.gov.br. A ouvidora da Infraestrutura atende no número (48) 3251-6444 ou e-mail ouvidoria.infraestrutura@pmf.sc.gov.br.