O pedreiro Marcos Antônio Gonçalves, 57 anos, precisa dirigir 17 quilômetros a mais para ir ao trabalho e voltar para casa no final do dia. Quem utiliza o transporte público tem que saltar na metade do caminho e andar o restante a pé. Esta é a realidade dos moradores do bairro Vargem Grande, no norte da Ilha, desde que a ponte que fica na estrada principal, a Cristóvão Machado de Campos, foi destruída pela enxurrada que atingiu Florianópolis em janeiro.

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Uma pequena passagem de madeira foi construída para a travessia de pedestres e motociclistas até que a nova estrutura fique pronta. Pelo menos assim Gonçalves não precisa dar a volta pelo Rio Vermelho ou Ingleses, pela SC-403, para almoçar em casa.

— Eu deixo meu carro de um lado e vou a pé para casa almoçar. À noite tenho que dar a volta lá por cima (via Rio Vermelho), mas está difícil porque a estrada é de chão e muito ruim. As obras ficaram quase duas semanas paradas, agora que voltaram a mexer. Tem muitos que deixam o carro em casa e pegam o ônibus do outro lado porque são mais de cinco quilômetros de estrada aqui pra dentro — conta.

O empresário Fernando Benazzi, 24, relata que a falta da ponte impactou em vários setores da vida dos moradores.

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— Para sair de casa tenho que ir pelo Rio Vermelho ou Ingleses até chegar aqui. É meia hora de viagem a mais por dia, fora o gasto de combustível.

E quem precisa pegar o ônibus tem que parar na metade do caminho. A linha que corta a Vargem Grande só vai até onde a ponte caiu.

Outra ponte que foi levada pela força das águas, na Servidão João Manoel Inácio, ainda na Vargem Grande, também está sendo reconstruída. Uma estrutura de madeira foi montada para passar carros e pedestres, mas por ser precária, não oferece segurança aos moradores.

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— Temos que se virar com o que tem, ainda bem que tem essa ponte, mas ficou perigoso porque só tem duas madeiras encostando no chão, quem tem carro tem que ter medo de passar — diz Clodoaldo Fontoura, 26.

Liberada para o trânsito até março

O fiscal da Secretaria de Infraestrutura de Florianópolis, Julian Franzen, esclarece que a obra não estava parada. No entanto, o concreto colocado como base no fundo do rio precisou ficar alguns dias descansando, além do tempo de espera pela produção das galerias. A montagem das galerias foi retomada e concluída na última sexta-feira.

Segundo Franzen, ainda faltam colocar as abas da ponte, aterrar, preparar o piso para receber a pavimentação e, por fim, asfaltar. No entanto, o trânsito de veículos deve ser liberado em 15 a 20 dias, antes mesmo da pavimentação. As obras na ponte devem ser concluídas em um mês.

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Na ponte da Servidão João Manoel Inácio, as galerias serão colocadas a partir de hoje e, em até 20 dias, o trânsito deve ser liberado.

Ratones

No bairro Ratones, onde quatro pontes foram destruídas, as obras estão mais adiantadas. A ponte principal, na Estrada Intendente Antônio Damasco, já foi liberada para o tráfego de veículos. No entanto, serão mais duas semanas para que o local seja asfaltado e concluído.

Nas servidões Hercílio Augusto da Cunha e Martinho Júlio da Silva, a base e as galerias já foram colocadas. Faltam as abas laterais da ponte, aterrar com cimento e pavimentar. Os locais devem ser liberados para o trânsito em até três semanas.

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Carmo Otavio da Silva, 62 anos, morador mais próximo da ponte, assiste à obra de camarote. A esperança dele é que com a nova obra os moradores não sofram mais com a possível destruição da ponte por causa das chuvas.

— Acho que vai ficar bom, pelo o que estão fazendo não vai dar mais problema, assim esperamos.

Já na ponte ao lado do mercado na Estrada Intendente Antônio Damasco, que dava acesso a 14 famílias, será reconstruída de outra forma. Segundo Julian Franzen, no local não pode colocar galerias, como nas outras pontes, por isso, um projeto está sendo desenvolvido para a construção. Franzen não soube informar como será feita a ponte e quando vai começar a obra. Enquanto isso, os moradores tiveram que abrir um caminho provisório pelo terreno de uma residência.