Uma moradora de Florianópolis iniciou uma campanha online para pagar por uma cirurgia que pode curar o câncer raro enfrentado por ela. Alice Rosa da Silva, de 42 anos, lida com dores abdominais há mais de um ano e em outubro de 2022 foi diagnosticada com um tumor maligno no peritônio, em uma forma pouco comum e sem tratamento cirúrgico pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A melhor chance de cura é um procedimento orçado em R$ 164 mil, valor que amigos e desconhecidos estão ajudando a arrecadar.
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A consultora de vendas, formada em Gestão Ambiental, jamais imaginou que poderia passar por dificuldades relacionadas à saúde. No final de 2021, começou a sentir fortes dores no abdômen que a deixaram de cama por dias em janeiro.
— Sempre tive boa saúde, até então só tinha ido para o hospital no parto. […] Nunca na minha vida pensei que teria câncer, nem de longe. Só que desde que as dores começaram, eu nunca melhorei. A dor nunca passou — relata Alice.
Investigar a causa foi um processo longo e árduo, com idas a ginecologistas, gastroenterologista, centros de saúde, laboratórios de exames, médicos do SUS e particulares. Apenas em outubro de 2022, Alice recebeu uma resposta e foi diagnosticada com adenocarcinoma mucinoso no peritônio, membrana que recobre as paredes do abdome e a superfície dos órgãos digestivos. Essa condição é considerada rara pelo aspecto de muco que o câncer provoca.
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— Eu estava apavorada, bem abalada. Quando fui diagnosticada achava que não teria cura. A doença te deixa vulnerável, é uma linha tênue entre a vida e a morte. E eu estava com aquilo desde janeiro! Tinha dias que eu só chorava, e outros eu achava que ia dar certo.
A solução apresentada foi executar uma citorredução, para ressecar e retirar o tumor, e aplicar uma quimioterapia aquecida no local para combater as células malignas. Quimioterapias intravenosas e tratamentos mais convencionais não combatem a neoplasia com sucesso. Ainda sim, Alice passou por um ciclo de quimio, mas não teve melhora. Segundo a paciente, o médico Eduardo Zanella Cordeiro explicou que a cirurgia seria a melhor chance de cura.
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No entanto, o procedimento foi incorporado pelo SUS apenas em 2017 e ainda não está disponível em Santa Catarina. Para operar gratuitamente, Alice teria que conseguir transferência para outro estado e realizar um tratamento fora do domicílio. Ela alega que tentou diversas vezes, mas que questões como desinformação de profissionais da Secretaria de Estado da Saúde, a falta de diálogo com os médicos e a confusão com documentos necessários para solicitar a cirurgia resultaram em pedidos negados pelo poder público.
Arrecadação e esperança
A paciente optou por expor a realidade da doença e pedir ajuda nas redes sociais. Seguiu o conselho de amigos e abriu uma vaquinha para levantar R$ 200 mil, valor suficiente para arcar com os custos da cirurgia com uma equipe de saúde particular e possíveis intercorrências hospitalares.
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O projeto começou na semana passada e já conta com mais de mil doadores. Segundo o site onde a campanha está disponível, mais de R$ 80 mil foram arrecadados. O valor corresponde a 40% da meta.
— Fiquei chocada, em 24 horas foram R$ 50 mil. Eu não conseguia sair do celular, muita gente que eu não conhecia falando comigo. Tudo isso me deixou bem, me passando a energia de que vai dar certo — afirmou.
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Mesmo com dores e uma hérnia desenvolvida ao longo desse período, Alice relata que agora se sente melhor. Ela conta que a esperança se ascendeu com a doação de desconhecidos e ações de amigos para reverter vendas e cachês em favor da cirurgia.
— Me deixou emocionada. Eu tinha um pé atrás com o ser humano por tudo de ruim que a gente vê. Mas não estamos perdidos, tem muita gente boa, empática e fazendo o bem. O que mais mexeu comigo foi ver estranhos, desconhecidos, doando e me mandando mensagens.
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Agora, a expectativa é de reunir pelo menos R$ 164 mil para os gastos médicos essenciais e já calculados. Com o valor, será possível pagar o cirurgião, anestesista e equipe, além do hospital particular e a internação. A consultora pretende realizar a cirurgia assim que possível e completar o tratamento para voltar à vida normal com os filhos.
Conheça a Alice
Alice se mudou para a capital catarinense pela primeira vez em 1999. Ela conta que saiu do Rio Grande do Sul para visitar a irmã, mas que ficou deslumbrada com as praias e decidiu ficar. Aqui teve os três filhos e viveu boa parte da vida. Depois de anos, optou por retornar à terra natal, mas em 2017 voltou para ficar em Florianópolis.

Quarta filha de uma família de seis irmãos, ela nasceu e cresceu em Rio Grande, litoral do RS. Atualmente ela vive com o caçula Mateus, de 16 anos, no bairro Rio Tavares na Ilha de Santa Catarina. Desde de setembro de 2022, Alice está de licença do emprego de consultora de vendas por conta da situação de saúde.
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