Era um sábado frio de 1993 quando Marizete Machado recebeu alta do Hospital Santo Antônio, em Blumenau. Após onze dias internada, ela foi liberada para continuar em casa o tratamento de embolia pulmonar. Sobre cadeira de rodas, foi recebida pelos filhos no retorno ao lar com o som de “O Portão”, de Roberto Carlos. Sentou-se em uma poltrona vermelha rasgada que estava ao lado do som e, chorando, sabia que estava de volta pra ficar.
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A liberação ocorreu uma semana antes de um show do Roberto Carlos na antiga Proeb. Durante o período que ficou internada, Marizete falava para as enfermeiras que estaria na apresentação do seu ídolo, mas não era levada a sério. Apesar de ainda estar no período de recuperação da doença, ela contrariou parte dos familiares e marcou presença no show.
— Tiveram que me segurar para subir as escadas. Fiquei lá atrás sentada porque ainda estava fraca. Sei que cometi uma imprudência, mas não me arrependo e fiquei muito feliz. Na época eu falava que iria morrer se não fosse no show — relembra, entre sorrisos, Marizete.
Se daquela vez teve que ficar distante do Roberto, como costuma chamá-lo, ela ainda teria várias outras oportunidades para ver o ídolo de perto. Tanto que em nove ocasiões recebeu uma das flores que o cantor distribui durante a música “Jesus Cristo”. Após doze shows, Marizete criou até estratégias para conseguir ganhar a lembrança.
Sua paixão por Roberto Carlos começou ainda na infância, aos 10 anos, quando ouviu no rádio “João e Maria”. Em seguida veio o lançamento do primeiro álbum, “Louco por Você”, e outras músicas de sucesso como "Susie", a qual era cantada com alegria e entusiasmo pela jovem.
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Na adolescência, viveu a época que considera a mais marcante da carreira do ídolo: a Jovem Guarda. A admiração por Roberto Carlos foi aumentando à medida que o cantor amadurecia suas composições. Tanto que a fase romântica, nas décadas seguintes, é o período que Marizete tem maior identificação com as músicas.
Ela conseguiu ir no primeiro show do ídolo em Joinville no ano de 1991. Desde lá, criou um grande acervo de objetos do cantor, o que inclui praticamente toda a discografia e inúmeros DVDs, livros, canecas, perfumes, revistas, potes de panetone e até fitas VHS com gravações de Roberto Carlos no fim de ano da TV Globo.
Há dois anos, após outro show em Joinville, Marizete quase conseguiu realizar o seu grande sonho: ter uma foto com o ídolo. Ela chegou a ter o braço tocado por Roberto Carlos após correr atrás do carro onde estava o cantor, mas não conseguiu registrar o momento. O show desta sexta-feira (26) em Blumenau, um dia após o seu aniversário de 69 anos, é mais uma chance.
— Tá na hora de rever o Roberto — brinca Marizete ao falar sobre a ansiedade para o show.
Do período doente ao casamento, Roberto Carlos sempre esteve presente na vida de Marizete. Ela conta que o cantor serve tanto para alegrar ainda mais as comemorações quanto para consolar nas dificuldades. Afinal, conforme diz a música, é preciso saber viver.
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