Maria Pinheiro, a “Maria Benzedeira”, como é conhecida no Sertãozinho, em Barra Velha, na estrada que leva a São João do Itaperiú, não dispensa um prato de feijão com peixe quase todos os dias, segundo a família. Agricultora, levou vida simples e bastante ativa até a bem pouco tempo. Domingo, talvez por causa desses hábitos, completou 110 anos em uma festa que reuniu parentes de vários lugares e de diferentes gerações.
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Uma das duas filhas, a dona-de-casa Maria da Luz Grau, de 60 anos, que é quem cuida da mãe, diz que Maria Benzedeira não tem nenhum problema cardíaco, nem colesterol, diabetes ou outra doença.
– Até os 105 anos, era ela quem fazia a comida dela, conseguia se virar com pequenas coisas. Depois de lá, até por ter quebrado uma perna, é que passou a ficar mais na cama e depender de nós, mas é querida por toda a família – conta.
Quando amigos aparecem, ela ainda é capaz de distribuir sorrisos e balbuciar algumas palavras bem baixinho. Mesmo habituada a dormir à tarde, por se sentir cansada, domingo fez questão de insistir que quem a visitasse comesse um pedaço de bolo na saída.
– Tem um bolinho lá – balbuciava, apontando para fora do quarto.
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Diferente de outras mulheres da época, quando era comum ter um grande número de filhas, dona Maria teve duas filhas, Maria da Luz e Luiza Maria Grau, 58 anos. Elas dizem que a mãe era mulher ativa na comunidade, esperta, que conhecia plantas medicinais, as melhores épocas para o plantio de verduras ou para cuidar de animais e que conhecia bem a região. Ficou conhecida, principalmente, por benzer crianças e adultos durante boa parte da vida de males comuns.
A morte do marido, o agricultor Alfredo Próspero, há mais de 30 anos, foi superada pela companhia dos familiares. Hoje, Maria Benzedeira tem quatro netos – Franciele Cristine, Fernando Maicon, 33, Alfredo Osvaldo, 27 e João Alfredo, 23 anos – e quatro bisnetas – Ananda e Luiza Helena, com 4 anos, e Emilly, 2, e Sahnti, a caçula, de um ano e nove meses.
Banana no café e na janta
Além do feijão com peixe fresco pescado na região de Barra Velha, as filhas revelam que Maria não vive sem banana no café da manhã e da janta. O produto é bastante cultivado em toda a região.
– Acho que o fato dela se alimentar bem e ter levado uma vida saudável fez com que chegasse a essa idade – afirma.
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Não há registros se Maria Benzedeira seria a pessoa mais velha do Estado, mas com certamente deve estar entre eles. Da infância e juventude – nasceu em 1903 em uma região que se resumia a pequenos núcleos rurais e vilarejos de pescadores -, ela já não guarda lembranças.
– Quando mais nova, ela nos contava muitas histórias. Hoje, já não lembramos mais. Mudou bastante coisa desde quando nós éramos jovens, imagina desde quando ela era – diz a filha Maria da Luz.
A festa de 110 anos teve direito a mesa farta na garagem da casa da filha e os parabéns cantados por familiares de várias gerações. Após a festa, Maria pediu licença para tirar o soninho da tarde, mas ainda continuo recebendo visitas.