Um medicamento cubano para tratar as manchas na pele provocadas pelo vitiligo se tornou a esperança de Margareth Helena Migliorini. Moradora de Balneário Camboriú, a bancária de 46 anos convive com a doença desde os 30. Tentou mais de sete tratamentos diferentes, nenhum com resultado efetivo, até descobrir em Cuba uma solução à base de placenta humana, a Melagenina Plus.
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Com cerca de um mês de uso dos remédios trazidos de Havana, Margareth começa a notar melhora na pele: algumas manchas pigmentadas começaram a surgir nas mãos, rosto e pescoço. Uma motivação extra para seguir o tratamento, que é uma das principais dificuldades enfrentadas pelos pacientes com vitiligo.
– Fiz fototerapia, usei pomadas, vitaminas e xaropes, mas como não percebia melhora acabava desistindo. Todo tratamento para vitiligo é demorado e eu já tinha praticamente desistido de tentar outro quando me interessei por esse método cubano – conta.
A Melagenina Plus foi desenvolvida através de estudos do médico e especialista em ginecologia Carlos Manuel Cao nas décadas de 1970 e 1980. A solução é um extrato alcoólico de placenta humana e cloreto de cálcio que estimula a pigmentação da pele e tem sido difundida pelo mundo em função dos bons resultados. No Brasil, a regulamentação do medicamento foi suspensa pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2009 por estar em desacordo com a legislação vigente.
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Os 24 frascos do medicamento foram fornecidos para Margareth após consulta no Centro de Histoterapia Placentaria, localizado em Havana. Por lá o atendimento para estrangeiros é feito por ordem de chegada e há gente do mundo todo. A avaliação dura três dias para verificar se não há reações ao remédio.
– Eu trouxe medicamentos para fazer o tratamento por um ano, depois tenho que voltar para fazer uma nova avaliação. Eles estimam que esse remédio tem 86% de chances de melhora do vitiligo – afirma.
Vaquinha online
Para conseguir viajar a Cuba em busca de tratamento, Margareth apertou o orçamento, fez uma “vaquinha” online e recebeu ajuda de vários amigos. A viagem ocorreu no dia 25 março. Em Havana, os gastos com consultas, exames e os medicamentos ultrapassam os US$ 1,2 mil.
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– Eu pesquisei bastante antes de ir para Cuba. Durante as consultas eles nos mostram vários vídeos com os resultados dos estudos e explicam que não basta apenas o tratamento. O lado emocional também precisa estar bem, porque senão podem surgir novas manchas – relata.
Natural de Guaporé, no Rio Grande do Sul, a bancária trava há 16 anos uma luta com a doença, que afeta principalmente a autoestima dos pacientes. As primeiras manchas na pele surgiram de um dia para o outro e com o tempo acabaram se espalhando.
– Naquela época vitiligo não era muito comum e como minha cidade era pequena fui buscar tratamento em Porto Alegre (RS). Quando viemos para Balneário continuei fazendo tratamentos, alguns fornecidos por médicos e outros que eu encontrava, mas nada funcionou bem.
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Margareth diz que o mais difícil da doença é manter o emocional sob controle. De acordo com ela, muitas pessoas olham com surpresa o paciente com vitiligo e até acreditam que as manchas sejam contagiosas.
– A primeira coisa é tratar o lado emocional, tentar se aceitar e ter paciência para fazer o tratamento, além de se manter tranquilo sempre – aponta.
Confiante com os resultados do novo tratamento, ela está compartilhando os resultados em na página do Facebook “Tratando o Vitiligo em Cuba”, que já tem mais de mil curtidores. Margareth explica que a ideia é divulgar o assunto e informar sobre o medicamento.
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Médico recomenda tratamentos comprovados no país
O vitiligo é uma doença crônica que atinge mais de 1% da população brasileira e mundial. Acabou ficando conhecido por um de seus pacientes famosos, o cantor Michael Jackson, e se caracteriza pela perda de coloração da pele com a formação de manchas brancas nos locais afetados.
O dermatologista e professor do curso de Medicina da Univali, Maurício Conti, explica que o vitiligo também possui uma característica autoimune, pois as células de defesa do organismo atacam os melanócitos (células que fabricam a melanina). Os fatores de risco geralmente são relacionados à genética ou ao emocional do paciente _ um trauma pode acabar desencadeando a doença. Quem possui outras doenças autoimunes também tem mais chances de desenvolver as manchas, que não causam prejuízos à saúde.
O vitiligo acomete pessoas de todas as idades e não tem cura. Um médico especialista pode fazer o diagnóstico clínico ou através de exame laboratorial. Segundo Conti, os portadores da doença sofrem com estigmas infundados, sobre tratamento e transmissão.
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– Existe tratamento para a doença e ela não é transmissível – reforça.
O médico explica que cada caso é tratado conforme a gravidade da doença. Quando o paciente desenvolve muitas manchas, por exemplo, o método mais indicado é a fototerapia – um dos melhores tratamentos do país, de acordo com ele.
O dermatologista diz ainda que conhece a Melagenina Plus, mas que sua conduta médica é indicar tratamentos com eficiência comprovada no Brasil.
– Já foi feito um estudo sobre esse medicamento no país junto com o placebo (remédio falso) e os dois tiveram o mesmo resultado de melhora nos pacientes. Além disso, tem que se observar os riscos de um medicamento não regulamentado pela Anvisa – completa.
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