Pegar um barco ou caminhar por uma trilha em meio à mata são as únicas opções de acesso a um bairro que guarda história, cultura e natureza intocada, em Florianópolis. É a Costa da Lagoa, onde vive a fotógrafa Cristina de Souza, que tem compartilhado um pouco de como é viver nessa comunidade de difícil acesso, com milhares de pessoas nas redes sociais.

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A ideia de gravar vídeos sobre a rotina como moradora da Costa da Lagoa surgiu após o questionamento de uma amiga, surpresa com a dinâmica de vida que envolve encaixar horários do transporte de barco e idas à “cidade” para compras e outros compromissos.

Depois de os primeiros conteúdos viralizarem, seguidores começaram a enviar mais perguntas e dúvidas sobre o assunto. Cristina decidiu gravar mais vídeos, em um formato simples, de bate-papo com o público.

Ela relembra que não imaginava que a conta no TikTok cresceria de forma tão rápida. A fotógrafa relata que em um curto período de tempo e com vídeos pouco produzidos conseguiu alcançar dois milhões e meio de visualizações na rede social.

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— Foi muito maior do que eu imaginava que seriam os vídeos. Eu tinha 170 seguidores quando eu compartilhei aquele vídeo e agora eu tô com quase 14,8 mil, então tem sido louco — comenta.

A rotina com os filhos em meio à natureza tem gerado diversos comentários positivos e curiosos, de quem mora na cidade ou até em outros estados e quer saber mais ou conhecer a região. Por outro lado, há quem também faça críticas, que Cristina diz que busca relevar.

— Eu não levo para o pessoal as coisas, eu sei que a internet é uma terra muito louca, mas eu tô achando bem legal — detalha.

A vida na Costa da Lagoa

Cristina é natural do Guarujá (SP) e mora em Santa Catarina desde 2009. Inicialmente, ela se mudou para Palhoça, depois foi para Florianópolis, em 2014, e passou a morar na Costa da Lagoa em 2017. A escolha pelo bairro com acesso somente por barco ou trilha se deu depois de uma visita especial à Costa.

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— A primeira vez que eu pisei na Costa da Lagoa foi em 2010, eu vim fazer um freela de fotografia em um casamento que teve aqui, e quando pisei nesse lugar, eu falei para mim mesma, ‘eu vou morar aqui um dia’ — conta.

Nesse meio tempo, a fotógrafa formou família e se mudou grávida do primeiro filho, que nasceu no hospital, mas cresce em meio às belezas da Costa da Lagoa, assim como sua filha, nascida em casa, na Costa. Sair do local não é uma opção, já que além de moradia o bairro é também parte importante do trabalho de Cris.

— Morar aqui complementa o olhar do meu trabalho, porque a minha fotografia é voltada para a naturalidade, para a natureza, para botar o pé na terra, e despertar isso em nós. Então, é a extensão de quem eu sou — destaca.

Difícil acesso

Entre os pontos positivos, Cristina destaca o convívio com a natureza, o silêncio e a conexão com as memórias de infância, já que a comunidade local é muito próxima e compartilha vínculos. Ainda, destaca a EBM da Costa da Lagoa, onde os filhos estudam e que traz uma proposta de preservar a cultura local.

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— Todo mundo aqui meio que se conhece, isso pra mim é muito precioso. Fora que eu não sou ‘manezinha’, mas os meus dois filhos são. Então, aqui eles conseguem ter um contato com a cultura e a preservação da cultura do lugar que eles nasceram, e isso pra mim é muito importante — afirma.

Entre os pontos negativos, em contrapartida, ela destaca os “perrengues” com deslocamento, com poucos horários de barco para os moradores, e uma falta de atenção da gestão municipal com os moradores da Costa. Cris afirma que o olhar com a região é sempre voltado ao turismo, e ainda assim pouco focado na preservação ambiental e cultural do local.

— Para a gente acessar serviços básicos como ir e voltar da escola, ir até o posto de saúde e voltar, é coisa de levar três, quatro horas, entre ir e vir. Ou você pega o barco das seis e meia ou nove meia da noite. Então isso é muito custoso para quem mora aqui — pontua.

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