Morador da localidade de Antônio Cândido, a mais atingida pelo vendaval no interior de Porto União que deixou um morto na noite de domingo, Bernardo Knapik, de 73 anos, olha para o vale sem entender como a mata fechada deu lugar a galhos retorcidos e um rastro de destruição. O local onde ele mora fica nos fundos da casa de Artur Leonor Rebein, de 54 anos, morto durante o fenômeno.
Continua depois da publicidade
Rebein estava como o irmão mais novo, Reinaldo, de 49 anos, em volta do fogo feito no fogão a lenha. Segundo os moradores, foi o próprio fogão que esmagou o corpo de Artur, que tinha perdido a mãe na semana passada. O irmão dele ficou pelo menos uma hora gritando no escuro, à espera de ajuda. Mas não havia como chegar à residência deles por causa das árvores caídas sobre o caminho.
Confira as últimas notícias de Joinville e região
Agricultor sai de casa minutos antes da tempestade e sobrevive à tragédia
Continua depois da publicidade
Município conta com a ajuda do governo do Estado para reconstruir moradias
Os vizinhos tiveram que abrir caminho com um trator e serras. Mas quando chegaram ao local, o homem já estava morto. O irmão, em choque, andava de um lado para o outro, tentando reunir objetos. O cachorro dos irmãos sumiu e não havia reaparecido até a tarde desta segunda-feira.
– Não havia vento. O mais incrível é que não estava ventando. Eu saí para fora, ouvi um barulho forte, contínuo, mas era algo longe. Apaguei as luzes e entrei. Daí deu um estrondo horrível e começou uma ventania que levantou tudo – conta Knapik (foto acima), que mora há quase uma década na propriedade.
O local é alto e o vento é quase permanente, mas nunca em tal intensidade.
– Não dá para dizer o que voou primeiro. Foi tudo ao mesmo tempo – diz.
A casa onde ele mora foi a única que manteve um dos andares em pé. A laje protegeu o cômodo onde ele e a mulher estavam. Os dois carros da família foram danificados. Um caminhão virou no meio da lavoura e o telhado ficou espalhado por quilômetros no meio da mata.
Continua depois da publicidade
A vizinha dos dois, Silvia Ribeiro dos Santos, que mora no local há sete anos, conta que nunca tinha visto nada parecido na região. Muitas casas foram completamente destelhadas e árvores, arrancadas.
– A gente fica assustado, só vemos isso na televisão, mas temos de seguir em frente e procurar ajudar ele (Reinaldo), que agora ficou sozinho.
Mais três mortes
A ventania atingiu também Ponte Alta do Norte, no Planalto Serrano, onde três pessoas morreram: Daniel da Silva Farias, de 62 anos; Valdivina Alves de Oliveira, 55; e Francisco Alves Proença, 90, que moravam na mesma casa, em uma área rural do município de Ponte Alta do Norte.
Continua depois da publicidade
As vítimas estavam dentro da residência na hora em houve o desmoronamento. Os três chegaram a ser encaminhados para hospitais de cidades próximas, mas não resistiram aos ferimentos. Uma quarta familiar, que não teve nome divulgado, está internada em Curitibanos.