Sou palhocense desde que me conheço por gente, diria o manezinho daqui. Minha educação, infância e caráter estão embutidos na casa onde cresci e nas escolas por onde passei: Venceslau Bueno e Ivo Silveira, como eram conhecidas. Continua depois da publicidade
Lembro-me do Venceslau, quando ainda era criança. Entrávamos em fila, hasteávamos a bandeira e subíamos cantando o Hino Nacional para a sala de aula. Um patriotismo que hoje não é visto mais.
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Eram tempos onde todos conheciam todos. Nem matar a aula eu podia, pois as professoras eram amigas de minha mãe. E sempre tinha um parente ou vizinho trabalhando no colégio. Nossas férias eram brincar, brincar e brincar; sem videogames ou computadores. Rede social? Adorava. Chamava-se Clube Recreativo 7 de Setembro. Domingueira de Carnaval, gincana e pingue-pongue nos finais de semana. Mostrava com orgulho a minha carteira de sócio em dia.
Ah! Minha Palhoça! Que saudade da minha infância! Se eu pudesse voltar no tempo, levaria meus filhos comigo. Chuparia o picolé minissaia no bar do Nego, compraria
Mandolate na venda do Lauro, Chocoleite e Banda na mercearia do Seu Valmor. Faria uma arma de toquinho e iria à madeireira buscar a munição para a nossa tão saudável brincadeira de polícia e ladrão. Continua depois da publicidade
Levaria meus filhos para o Guarani aos sábados de manhã, na Escolinha do Dr. Juarez, e à tarde no campo do Isoladão. Apresentaria meus amigos inseparáveis, que eu via todos os dias (e não precisava de computador para isso): Aldrey, Júnior, David, Leleu, Digo, Dido, Pavão, Celinho, Alan, Jimes, Jules (Biscuim), Mau-mau e tantos outros.
Almoçaria com meus filhos na churrascaria do Seu Alécio, na praça de Palhoça. Iria lanchar um bolo de carne da Dona Maria, passaria pelas festinhas de aniversário dos primos com o famoso salgadinho da Dona Doca. Tomaria banho de piscina com eles atrás de casa. Sim, minha mãe tinha uma de plástico de três mil litros. Ensinaria como ser um negociador de fato. Trocaria minha Caloi Cross por uma bike mais velha, uma prancha de surfe e uma espingarda de pressão com o Biscuim, depois a prancha por mais uma espingarda de pressão de mola dupla com o Flávio e voltaria a ter minha bike outra vez.
Quando ficássemos adolescentes, os levaria para azarar a meninada na Pirâmide sábado à noite e domingo à tarde. Seguiria para o 1º de Junho domingo à noite e Continua depois da publicidade
Atlântico da Barra depois das 23h. Ufa! Que maratona! Muita Coca-Cola e água
pra aguentar isso tudo.
Conversei com o namorado da minha sobrinha há pouco tempo e ele me relatou que sai com os amigos pra beber. Como assim? E a mulherada? Ficaria com eles na frente da casa da Dona Augustinha até as 2 da manhã, apenas jogando conversa fora.
Como tínhamos assunto!
Hoje? Não conhecemos mais ninguém, não nos respeitamos mais, não interagimos mais. Há quem diga que isso é evolução e desenvolvimento. Não quero voltar para o futuro, vou ficar no passado com meus filhos.
Boa sorte aos que estão no ano de 2013 andando em seus carros espaciais e usando roupas metalizadas. Era assim que imaginava o mundo de hoje, mas jamais com ônibus pegando fogo como um verdadeiro caldeirão das bruxas. Continua depois da publicidade
Se continuarmos nesse ritmo, o poste vai fazer xixi no cachorro.