Ao aproximar-se da casa de Amilto José Tomaselli, em Schroeder, é fácil escutar o que movimenta seus dias. São cantos e pios das mais de 300 aves que ele mantém em viveiros. A coleção tornou-se a atividade principal de Amilto, que dedica seus dias aos animais.

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Doze anos após o começo da coleção, Amilto deseja fortalecer os antigos pedidos para obter a licença de criador, o que permitirá que as aves se reproduzam e os filhotes sejam vendidos. Além disso, ele quer abrir o espaço ao público, criando um ponto de turismo na cidade.

Passear entre os viveiros é experimentar um espetáculo visual e sonoro. Cores, formas e tamanhos unem-se aos variados cantos e gorjeios dos pássaros. Acostumados à presença humana, as aves são mansas e não fogem de estranhos. Pegá-las na mão, porém, é um tarefa que pode ser dolorida.

-Eles acabam nos bicando mais do que vindo na mão-, ri Amilto.

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São cerca de 200 espécies que vivem no local. Entre elas, animais cuja população está reduzida na natureza, como a jacupemba e o jaó, e aquelas ameaçadas de extinção como o macuco, a jacutinga. Todas são oriundas de criadores brasileiros, nascidas em cativeiro. Nenhuma foi retirada da natureza.

O mesmo ocorre com os mamíferos que habitam o local. São cinco quatis, em viveiros separados, e cerca de 30 cutias, que habitam um grande terreno cercado que imita seu habitat natural.

A alimentação é baseada em sementes, ração e frutas. São cerca de 30 quilos semanais de sementes e ração e quase 100 quilos de frutas. As bananas vêm de um terreno arrendado por Amilto e o restante de feiras.

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Para o cuidado também há o acompanhamento de um veterinário e de um biólogo, que visitam mensalmente o espaço, consultando a saúde dos animais. Tudo é mantido com recursos próprios.

Licença difícil

O gosto pelas aves é uma herança de família. O pai de Amilto tinha coleções, que logo Amilto passou a copiar. Em 2002 foi construído o primeiro viveiro nos moldes atuais e obtidas as licenças para ser colecionador. Desde o princípio, o objetivo era manter um criadouro, porém a dificuldade em obter a licença ambiental está atrasando o plano.

Após 27 anos como gerente financeiro, Amilto deixou o emprego formal para se dedicar à aves e lutar pela licença. Além dela, abrir o espaço para visitação é seu desejo, atraindo turistas e compartilhando a beleza dos animais.

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Ajudante

Não é apenas Amilto que dedica os dias às aves. Adejair Luiz Dalpiaz, 25, trabalha há dois anos e meio na propriedade, cuidando dos animais. Vizinho de Amilto, Adejair visita o local com frequência. Quando recebeu o convite para trabalhar no local, não hesitou: deixou o emprego na fábrica WEG e passou para os viveiros.

A intimidade do jovem com os animais é notável. Conhece o temperamento e gostos de cada um, sabe quais aceitam o toque com mais facilidade. Na mão, as marcas das bicadas revelam as tentativas de aproximação. No local, Adejair garante estar feliz.

-Gosto de tudo aqui-, resume ele.