Moradores de Rancho Queimado se surpreenderam esta semana quando a noite gelada de segunda-feira trouxe um visual que não se via no local desde 2000, quando flocos de neve pintaram de branco o mirante do Morro da Boa Vista, a 20 quilômetros do Centro da cidade, na divisa com Alfredo Wagner.
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Aos 63 anos, Aldo Schütz conferiu pela sétima vez o espetáculo que também foi visto em outras dez cidades da Grande Florianópolis. 2013 ficará marcado como o ano em que a fenômeno se estendeu a 107 cidades de Santa Catarina e quando as paisagens daqui não perderam em nada para a Serra catarinense.
A neve que caiu esta semana foi a mais forte
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que Aldo já viu
Foto: Tiago Schütz / Arquivo pessoal
Aldo Schütz tinha sete anos quando viu a neve pela primeira vez. Foi no inverno de 1957, na cidade de Rancho Queimado. Com os irmãos e amigos, fez um boneco e brincou com os flocos que cobriam o chão no Morro da Boa Vista. Nascido em Florianópolis, ele cresceu e viveu no distrito de Taquaras, no interior da cidade, onde hoje trabalha em uma fazenda cuidando de um rebanho de gado.
Na segunda-feira à noite, ele a esposa Salete Coelho Schütz, 61, não perderam tempo assim que souberam da chegada da neve na cidade e subiram o Morro da Boa Vista. No dia seguinte, o frio intenso não foi suficiente para desencorajá-los e, junto com o neto Bernardo Schütz Sell, nove anos, e mais dois amigos, Izolete Maria Meurer, 62, e Maiara Alflen Ventura, cinco, eles retornaram ao local para fotografar a mudança de cor na cidade avistada a 1,2 mil metros de altura. De carro, eles percorreram sete quilômetros. O fenômeno que atingiu o morro também pode ser observado no quintal da casa da família, que ficou coberto de flocos.
– No mirante, conversei com algumas pessoas que ficaram surpresas quando contei que já tinha visto aquela quantidade de neve quando ainda era criança – conta Aldo.
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Assista ao vídeo feito por Tiago Schültz, filho de Aldo e Salete
Quase 30 anos depois do primeiro encontro de Aldo com a neve, ela voltou a cair no Morro da Boa Vista em um dia muito marcante para a família Schütz. Em 22 de agosto de 1984, Salete deu à luz dois bebês prematuros, em casa. Por causa do mau tempo não foi possível ir até um hospital.
Proibidos pelo pediatra de tirar as crianças de casa, a família passou 53 dias de vigília para cuidar dos filhos em uma incubadora improvisada, que consistia em uma sala vedada e totalmente aquecida. Na ocasião, eles contaram com a ajuda da comunidade, que se revezava para vigiar a respiração dos pequenos durante a noite. Naquele ano a neve ficou em segundo plano.
– De casa avistávamos o topo branco do morro – relembra Aldo.
Felizmente as crianças e a mãe se recuperaram bem e o frio não tardou a voltar com os flocos de gelo. Seis anos depois, em 1990, Aldo e Salete levaram os gêmeos para ver a neve pela primeira vez no mesmo mirante. Salete se lembra que, em comparação com o que viu no início dessa semana, naquele ano o frio não era tão intenso e não dava para brincar muito com a neve.
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Mais quatro anos se passaram e uma nova e forte neve atingiu a cidade de Rancho Queimado. Depois disso, raros flocos de neve caíram no inverno de 1996. E, em 2000, o sétimo encontro aconteceu.
– O que aconteceu essa semana é um alerta para as pessoas que buscam a neve e belos cenários de inverno longe daqui. É um privilégio estarmos tão próximos da Capital e contarmos com um clima tão diferenciado – defende Salete.
Moradores de Rancho Queimado registraram o momento em que a cidade ficou coberta por neve