Ao folhar uma revista foi inevitável João Gustavo Togneri, 35 anos, parar em uma reportagem sobre náutica. Nela, o morador de Jaraguá do Sul encontrou o que seria a maior experiência de sua vida. Depois de se informar sobre o assunto e levar oito meses para tomar uma decisão, ele traçou um caminho sem volta: decidiu participar da mais longa regata oceânica do mundo, a Clipper Round The World Race. Gustavo é um dos seis brasileiros e único de Santa Catarina.

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A reportagem na revista foi apenas um start para fazer a regata. A paixão pelo alto mar começou muito antes. Nascido em Resende (RJ), por volta dos sete anos foi morar com a família em São Bernardo do Campo (SP). O pai comprou um barco e para que pudessem velejar em represas. Quando completou dez anos mudou-se para Florianópolis, entrou com o irmão Juliano para a escola de vela do Iate Club Santa Catarina. Veio o período de faculdade, formou-se em engenharia mecânica e há 12 anos trabalha na Weg, em Jaraguá do Sul. Há cinco anos a família voltou a comprar um barco e a paixão retornou com toda força.

– Sempre tive a vontade de ter o meu próprio barco e dar a volta ao mundo. De repente conheci a competição, não imaginava que existia algo parecido no mundo, por ser uma regata para amadores. Achei a oportunidade perfeita – relata.

O que parecia uma loucura, está cada dia mais perto de virar realidade. O velejador viaja nesta quinta-feira para mais mais um período de preparação e no dia 1º de setembro começa o maior desafio de sua vida. A regata dará a volta ao mundo, mas Gustavo optou em fazer apenas a primeira etapa desta edição.

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Ele sairá de Londres, na Inglaterra, chegará no dia 4 na cidade de Brest, na França, e depois ficará 24 dias sem ver o mar, atravessando o atlântico. O percurso encerra no Rio de Janeiro, mais precisamente na Marina da Glória, na Bahia de Guanabara. Se tudo der certo, a previsão é que o barco da equipe de Gustavo desembarque no Brasil no dia 1º de novembro.

Preparação intensa para atravessar o Atlântico

Para participar da competição, Gustavo teve de se preparar intensamente. O velejador relata que o treinamento durou quatro semanas e aconteceu em Londres em duas etapas, novembro e maio. Foram três semanas de prática e uma teórica. Segundo ele, um dos pré-requisitos para participar é sobreviver ao treinamento, que não é nada fácil.

– Eu que já tenho experiência senti muito – admite.

Além do treinamento em Londres, Gustavo se exercita diariamente, precisou intensificar os estudos da língua inglesa, sobretudo termos náuticos, e adquirir equipamentos específicos. Porém, o curso foi apenas um gostinho do que os velejadores vão encontrar em alto mar. Gustavo conta que entre as dificuldades que encontrará está o frio, a privação de sono e poderá encontrar condições de mar complicadas.

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A regata funciona da seguinte maneira: a embarcação tem um capitão, chamado de skipper, e o barco tem uma tripulação de cerca de 20 pessoas que se revezam nas atividades. Esses trabalhos são feitos 24 horas para que o barco não pare e chegue primeiro ao destino. Os turnos são divididos a cada quatro horas de trabalho ou quatro horas de descanso.

Gustavo, que fará parte da equipe Team Patrick, responde prontamente, quando perguntado se este seria a maior experiência de sua vida.

– Até agora sim – diz.