O aposentado Nivaldo Alves Ribeiro, de 65 anos, é o único recenseador em cadeira de rodas que trabalha no Censo 2022 em Santa Catarina. Ele é morador de Itapoá, no Litoral Norte do Estado, onde percorre diariamente as ruas do município para aplicar os questionários que vão ajudar a traçar o perfil da população brasileira.
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Nivaldo coloca o colete, o boné e o crachá do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para sair de casa à bordo de uma cadeira de rodas adaptada, parecida com uma bicicleta, que chama de Judite. Foi ele mesmo quem fez os ajustes necessários para transformar o meio de transporte.
Quando soube das inscrições para o Censo 2022, Nivaldo decidiu deixar de lado o sossego da aposentadoria para contribuir com o trabalho do IBGE. Ele já tinha participado da coleta dos questionários no levantamento de 2000, quando ainda não havia perdido o movimento das pernas, em um acidente de motocicleta.
– A minha única preocupação, meu único medo, é não ser útil. Por isso, aceitei o desafio de, mesmo aposentado, ser um recenseador e poder contribuir com o meu país, com as informações que vão ajudar a serem implementadas políticas públicas – explicou em entrevista à NSC TV.
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Desde o início do trabalho censitário, Nivaldo entrevistou os moradores de mais de 300 casas de Itapoá, e uma das maiores dificuldades é a condição das ruas de saibro, com buracos e cheias de obstáculos.
Ele diz que tenta superar os problemas de acessibilidade porque acha o trabalho prazeroso. Nivaldo gosta de conversar com os entrevistados e ainda dar o exemplo para as pessoas de que a deficiência pode criar dificuldades, mas não é um impeditivo para se fazer o que gosta.
– Eu quero mostrar para as outras pessoas que é possível fazer não só o Censo, mas qualquer outra atividade, mesmo que você use muleta, cadeira de rodas ou bengala. É preciso se ajustar, ter muita coragem e perseverança que podemos fazer qualquer coisa, mesmo sendo uma pessoa com deficiência – defende.
Apoio da esposa e equipe do IBGE
A equipe do IBGE de Itapoá não sabia que um dos recenseadores usava cadeira de rodas quando os aprovados no processo seletivo foram convocados. Nivaldo passou no concurso pela análise de títulos e teve a maior pontuação, mas não se inscreveu como pessoa com deficiência (PCD).
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– Confesso que a gente ficou um pouco apreensivo por causa das ruas, que seria uma dificuldade, mas o Nivaldo se mostrou muito competente desde o início. Ele é muito capacitado, determinado e uma pessoa fantástica – contou Cleusa Martine, supervisora do IBGE em Itapoá, em entrevista à NSC TV.

Quando Nivaldo contou que tinha vontade em trabalhar como recenseador, a esposa Edilene Ribeiro foi uma das pessoas que mais o apoiaram. Apesar de ter ficado preocupada quando ele começou a sair com a cadeira adaptada, ela conta que o marido é muito independente.
– Tenho minhas preocupações como esposa, mas se o mundo fosse mais acessível não precisaria me preocupar. Os espaços é que são deficientes e não ele, que consegue ir e vir, estudar e trabalhar – complementa.
Nivaldo já concluiu as entrevistas em um dos setores do bairro onde mora e já iniciou o segundo. Ele deve continuar a percorrer as ruas de Itapoá até novembro, quando se encerra o levantamento do Censo 2022 em todo o Brasil.
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