Há 24 anos, quando fez a primeira doação de sangue, o suboficial da Aeronáutica, Luis Cláudio Soares Rodrigues, 48, não imaginava que ia bater um recorde nacional. Na tarde desta sexta-feira, ele fez a doação número 200 na unidade do Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina (Hemosc) de Florianópolis. Com esta doação, Luis se tornou o maior doador do Brasil. A data para entrar na história foi escolhida a dedo. Neste sábado, 25, é comemorado o Dia Nacional do Doador de Sangue.

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— Escolhi a data para também comemorar e quebrar o recorde. E vamos agora rumo as 300 doações — celebra Luis.

Natural do Rio de Janeiro, Luis fez a primeira doação em 1993, em Manaus, na capital do Amazonas, após ver uma propaganda na TV. A possibilidade de poder salvas vidas em uma atitude que leva poucos minutos, fez com que o oficial tornasse a doação uma rotina pessoal e profissional.

Em 1997, já morando em Florianópolis, o filho de um colega de trabalho teve leucemia e precisou de plaquetas. Foi então que Luis fez a primeira doação deste componente sanguíneo. Como o processo de doação de plaquetas pode ser feito com maior frequência — precisa de intervalo de no mínimo 48 horas entre as doações — Luis começou a doar todos os meses.

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— Até então eu era um simples doador, até que o filho do meu colega precisou e eu doei para ele. A demanda por plaquetas também é maior e a validade dela é menor, apenas cinco dias, o que me faz querer doar cada vez mais.

No total, Luis doou plaquetas por 178 vezes e sangue 22 vezes, segundo informações do Hemosc. O recorde anterior foi de um morador de Canoinhas, que doou 189 vezes.

— Sempre me perguntam o que eu ganho e eu digo que a principal recompensa é a satisfação daquele que vai receber o sangue — comenta.

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Exemplo que vem de casa

Lórien Mariel Silva Gonçalves, de 17 anos, fez a primeira doação de sangue na tarde desta sexta-feira. Ela estava acompanhada da mãe, a corretora de imóveis Melissa Gonçalves, de 40 anos. A iniciativa de doar para o banco de sangue do Hemosc partiu da menina, após ver a mãe ser doadora.

— A minha mãe já doou três vezes. Eu até tenho medo de agulha, mas só de saber que vou salvar vidas o medo passa — diz Lórien.

A mãe, orgulhosa da atitude da filha, acredita que fez o certo ao dar o exemplo dentro de casa.

— Ela se ofereceu para vir doar porque vê o que eu faço e sabe que é importante. Doar sangue para alguém da família é fácil, mas doar para um desconhecido é prova que a gente ama o próximo — comenta Melissa.

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Estoques de sangue -A e -O estão baixos

Neste sábado é comemorado o Dia Nacional do Doador de Sangue. Durante toda a semana, os hemocentros do Estado receberam os doadores com um ambiente decorado, um lanchinho especial e brindes. Mas, se o dia é de celebração, também é de alerta. Atualmente os estoques de sangue dos tipos A Negativo e O Negativo estão bem abaixo do necessário.

Patrícia Carsten, gerente técnica do Hemosc de Florianópolis, informa que o estoque destes dois tipos sanguíneos estão abaixo de 50% do necessário no Estado de Santa Catarina. No caso do O Negativo, apenas 8% da população brasileira tem este tipo e, por isso, é o que tende a faltar mais.

— Estamos com dificuldades de atender a demanda por estes tipos de sangue no momento. Mas a doação precisa ser regular para todos os tipos.

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Nesta época, segundo Patrícia, há outra preocupação. Com as férias e festas de fim de ano, as doações costumam a cair, porém, a demanda aumenta.

— Por isso, precisamos de doações o ano inteiro. Para suprir a demanda precisávamos de cem doações por dia, mas temos de 60 a 70 atualmente — diz Patrícia, se referindo aos atendimentos do Hemosc de Florianópolis.

Em Santa Catarina, de janeiro a outubro, 98.863 pessoas doaram sangue. Só em Florianópolis foram 22.472.

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Entenda as doações:

Há dois tipos de doação. O mais conhecido é aquele em que o doador doa de 450 a 500 ml de sangue e é rapidinho, entre oito e 10 minutos. Já na doação de plaquetas e hemácias o processo leva em torno de uma hora. O sangue sai do corpo, passa por um filtro que separa apenas as plaquetas e retorna para o doador. A doação de plaquetas tem um tempo menor de intervalo entre uma e outra, apenas 48 horas. Já quem doa sangue total precisa esperar dois meses para homens e três meses para mulheres.

O que é necessário para doar

– Ter idade entre 18 e 69 anos. Doadores com 16 e 17 anos precisam ter autorização dos pais ou responsável legal

– Estar em boas condições de saúde. Não ter feridas ou machucados no corpo

– Pesar acima de 50 kg

– Ter repousado bem na noite antes da doação

– Fazer refeições leves e não gordurosas nas quatro horas antes da doação. Evitar uso de bebidas alcoólicas nas últimas 12 horas. Não pode estar em jejum

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– Ir acompanhado para a doação

– Levar documento de identidade com foto. Pode ser RG, carteira profissional ou carteira de motorista.

Quem não pode doar

– Quem teve Hepatite após os 11 anos de idade. Quem tem lepra (hanseníase), hipertireoidismo e tireoidite de Hashimoto, doença autoimune, doença de Chagas, AIDS, problemas cardíacos (necessita avaliação e declaração de um cardiologista), diabetes e câncer.

– Fez ou faz uso de alguma droga ilícita nos últimos 12 meses

– Mantém relações sexuais de risco

– Gestantes ou mulheres que amamentam bebês com menos de 12 meses

Deve aguardar para doar sangue

– Quem fez algum tipo de procedimento dentário: de 1 a 30 dias (de acordo com o procedimento)

– Quem recebeu transfusão de sangue ou é parceiro (a) de paciente que recebeu sangue ou faz hemodiálise: 1 ano

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– Fez tatuagem ou colocou piercing: de 6 meses a 1 ano

– Colocou piercing em língua ou órgão genital: 1 ano após a retirada

– Quem tiver algum dos sintomas – gripe, tosse, dor de garganta, rinite, febre, resfriado: 7 dias após a cura

– Diarreia: 1 semana após último episódio

– Tiver alguma infecção não tratada ou em tratamento: 15 dias após cura

– Herpes labial: após a cicatrização total da lesão

– Aborto ou parto normal: 3 meses

– Cesárea: 6 meses

– Amamentação: liberado quando a criança tiver 1 ano

– Cirurgia: pode variar de 1 à 12 meses

– Vacinação: de 48 horas a 4 semanas dependendo da vacina.

– Quem fizer uso de antibiótico: 15 dias do uso e com cura da infecção.

Onde doar

O Hemosc de Florianópolis fica na Avenida Othon Gama D’Eça, 756, Centro.

O atendimento é das 7h15min às 18h30min.

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