Um pacu de oito quilos foi fisgado no Rio Itajaí-Açu, no Centro de Blumenau, pelo anzol de Jair Corrêa, 42 anos. Pescador amador, o homem conta, orgulhoso, ter garantido o peixe para a família comer na Páscoa. Há meses sem conseguir sair do local com a sacola cheia, Jair pegou também um pacu menor, de quatro quilos.
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Primeiro, no sábado (19), a pescaria terminou com o peixe de quatro quilos. No dia seguinte, pela manhã, após algumas horas com o anzol na água, veio o maior. Tirá-lo do rio não foi fácil. O animal se debateu o quanto pôde, obrigando Jair a descer até às margens para puxá-lo com um gancho. Quando a missão foi concluída, ele e o amigo que o acompanhava comemoraram (assista ao vídeo abaixo).
— No sábado, enquanto assávamos o primeiro pacu, meu irmão reclamou que queria mais. Eu falei: “Calma, essa semana eu vou pegar um maior”. E peguei. Pai e filho — brinca o pescador.
O menor, que já foi consumido, Jair garante que estava uma delícia, sem “gosto de lodo”. O segundo foi para o congelador para alimentar a família na Páscoa. A pescaria quebrou uma “maré de azar” do pintor de carros. Ele revela que há meses não conseguia pegar mais nada na Beira-Rio, o que não combinava com a fama que possui.
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Jair é referência quando se chega no Itajaí-Açu. Todos indicam ele para falar de pescaria boa. Isso tem justificativa e até provas. Ele já mostrou uma série de fotos que confirmam as habilidades com o anzol. E não é para menos, desde os 14 anos o morador praticava a atividade e perdeu as contas de quanto fisgou nas águas que banham o Vale. Hoje até compartilha dicas.
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— Sempre de manhã cedo ou no fim da tarde, quando a maré sobe. A lua também influencia — garante.
Para pegar os pacus, usou milho e goiaba como isca. Se dá certo para todos, não se sabe. Porém, é fato que funciona para ele. Foi com um anzol com banana que ele já capturou uma carpa de 18 quilos próximo à Ponte de Ferro, o maior feito do pescador.
As carpas estão no topo da lista das 90 espécies de peixes encontradas no Itajaí-Açu, conforme uma pesquisa da Furb. Jair já pegou outros pacus antes, mas eles são menos comuns em relação às carpas, por exemplo.
Nos próximos dias o pintor vai voltar ao ponto de pesca, perto da prefeitura, para ver se a sorte continua ao lado dele. Se seguir assim, vai ter peixe para a quaresma inteira.
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Pode comer o peixe?
A dúvida quanto à qualidade da água do Itajaí-Açu faz muitos se questionares se pode ou não comer os peixes fisgados ali. O fato é que a pesca amadora, como ocorre às margens do rio, é livre e fica por conta de cada um decidir se vai consumir.
Jair come sem preocupação, embora pesque ao lado de um dos pontos de análise da BRK Ambiental que aponta qualidade ruim da água no local.
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O biólogo, educador ambiental e mestre em Engenharia Ambiental, José Sommer, por precaução, não recomenda a ingestão do alimento e aponta alguns motivos. O primeiro é porque não se sabe a quantidade de metais pesados fruto da atividade industrial que estão presentes na água, bem como de agrotóxicos vindos da agricultura.
Ele pontua que Blumenau não tem grande contribuição em efluentes destes gêneros, mas muito material vem do Alto Vale, e a análise para identificar esses poluentes é cara – logo pouco comum. Outro fator a ser observado é que os peixes como carpas e tilápias, capturados com frequência no Itajaí-Açu, buscam locais onde tem maior concentração de esgoto para se alimentar.
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Agora se o destino final do pescado é mesmo o prato de quem os fisgou, o coordenador de Alimentos da Vigilância Sanitária, Fernando Dias, deixa algumas recomendações. E a primeira delas é evitar pescar quando o nível do rio está muito baixo.
— O nosso rio, principalmente em época de baixas, tem maior concentração de resíduos orgânicos e possivelmente químicos, então é extremamente não recomendado consumir esses peixes crus. A recomendação é sempre passar por algum processo de cocção – ou cozimento ou fritura – pensando mesmo em eliminar algum patógeno que possa ter — pontua.
Assista ao especial do Rio Itajaí-Açu
Colaborou Talita Catie.