O quintal da casa de Antonio Campesi, morador de Barra Velha no Litoral Norte, conta com uma máquina que pode ajudar a economizar um bem fundamental: a água. O aposentado de 68 anos resolveu construir um dispositivo que gera energia de maneira alternativa.
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Pensando no futuro das fontes renováveis, Antonio buscou uma saída para contribuir com o futuro do planeta. O inventor explica, com domínio do assunto e um sorriso largo, o funcionamento da ‘roda geradora de energia elétrica’, como ele mesmo batizou.
– Eu mesmo estudei, projetei e construí este dispositivo. Aqui não tem um prego ou parafuso que não tenha sido colocado por mim – orgulha-se.
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Os anos de dedicação à Companhia Energética do Estado de São Paulo (Cesp) foram o elemento essencial na construção do equipamento. Antonio se aposentou há quase 20 anos, mas não deixou a experiência com hidrelétricas de lado. Ele explica que outra inspiração foi o uso sem limites da água, um bem finito.
– Vejo que o reservatório de algumas hidrelétricas do País já está baixo. A água do planeta pode acabar e teremos que procurar outros meios de sobreviver. A minha ideia é começar a economizar desde já. O sistema até utiliza água, mas a vazão é pequena – explica.
As rodas-d?água já são uma alternativa utilizada em vários lugares para gerar potência. De acordo com Antonio, o diferencial deste dispositivo é o ângulo em que ela trabalha: na horizontal. Essa angulação ascendente permite utilizar pequenas quedas hídricas e pouquíssima vazão de água.
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– Nas rodas verticais, por exemplo, é utilizada a velocidade da água. Neste dispositivo, o peso do líquido é o que conta – expõe.
Os anos de profissão foram suficientes para instigar a vontade de desenhar e pôr em prática o projeto. Antonio não concluiu o ensino médio e tudo o que sabe, desde os cálculos e leis da física, até a solda dos materiais, foi cultivado durante a vida profissional.
Ele levou cerca de seis meses para construir o equipamento e gastou aproximadamente de R$ 7 mil com materiais. Dentro do quintal de casa, o aparelho capta a água da chuva para gerar energia.
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Como funciona
A água (neste caso, da chuva) enche pequenos recipientes, que servem como baldes, contidos na roda. O balanço gerado pelo peso dos recipientes cheios e vazios faz com que o círculo gire para que possa produzir energia. A força é captada por um gerador. O aposentado alerta que se a queda de água for constante, como uma cachoeira, funciona melhor.
– Este sistema foi projetado para dar apenas uma volta por minuto, mais do que isso não compensa a economia do sistema. A produção energética é feita por meio da formula do peso da água em comparação à distância do eixo – comenta.
A roda que existe na casa de Antonio é de seis metros de diâmetro. Ela pode gerar cerca de 2 quilowatts por hora. Segundo ele, esta energia acumulada durante o mês seria suficiente para abastecer ele e a família.
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O tamanho máximo a que rodas deste tipo podem chegar é de 22 metros. Uma deste tamanho poderia gerar pouco mais de um megawatt (MW). A sugestão de Antonio é usar este sistema em forma de cascata com pelo menos três rodas. A geração de energia dos três equipamentos chegaria a 4 MW.
O sistema é um ciclo sem fim. Os pequenos recipientes que captam a água têm uma comporta que se abre quando a roda completa a volta. O líquido é expelido, mas não desperdiçado. Ele é captado por uma bomba que forma uma coluna d?água. Essa coluna impulsiona novamente o líquido para o início do sistema.
– Durante este ciclo, apenas a água que evapora é perdida, o resto é reutilizado – comenta.
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Para este sistema, é necessário que é o movimento da roda seja contínuo. Se no local em que for instalada não existir a possibilidade de usar o sistema de canalização e reutilização da água, pode ser utilizada uma bomba elétrica com baixo consumo de energia. Ela mantém a rotação constante do aparelho.
A dedicação de Antonio em cuidar do planeta já está gerando frutos. Ele conta que a roda que está no seu quintal já tem um destino: foi comprada por uma chácara em Schroeder que irá aproveitar uma cachoeira do local para economizar água e luz.