Depois de colocar em ordem as contas públicas, o chefe de governo italiano, Mario Monti, prometeu nesta quinta-feira medidas para reativar a economia, que só devem ser anunciadas em 2012, ao mesmo tempo em que a Itália retoma pouco a pouco a confiança nos mercados para refinanciar sua dívida.

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Monti não falou de medidas específicas em sua coletiva de imprensa de fim de ano, mas prometeu um programa para favorecer o crescimento e a competitividade:

– Após o plano ‘Salvar a Itália’, não coloco objeções se decidirem chamar esta nova fase de ‘Crescimento Itália'” – afirmou o premiê, mostrando-se otimista sobre a capacidade de os italianos entenderem o que está em jogo e aceitarem os sacrifícios.

A Itália está ameaçada pela recessão. O governo prevê uma contração de 0,4% do PIB no próximo ano e precisa por todos os meios fornecer oxigênio a uma economia, a terceira da Eurozona, que não conseguiu crescer mais de 1% na última década.O Tesouro italiano colocou nesta quinta-feira 7 bilhões de euros em obrigações, embora as taxas dos títulos em longo prazo tenham continuado sendo muito altas.

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Para os títulos de referência a 10 anos (com término em março de 2022), a taxa alcançou os 6,98%, muito elevada, mas abaixo do recorde de 7,56% alcançado em 29 de novembro, na emissão anterior.

O chefe de governo italiano classificou como “mais alentadores” os resultados das últimas emissões obrigatórias do Tesouro italiano realizadas neste ano. Monti advertiu, no entanto, que apesar do relativo sucesso destes dois leilões, “as turbulências financeiras não podem se dar por acabadas”.

Para Monti, a crise da dívida é, sobretudo, “um problema europeu” que requer uma resposta “solidária, comum e convincente” da União Europeia (UE).

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A emissão de dívida italiana ocorreu num momento em que o euro recuava no mercado cambial. No mercado secundário, as taxas a 10 anos dos bônus italianos ultrapassavam novamente a barreira de 7%, um nível considerado insustentável para um país como a Itália, que deverá refinanciar 450 bilhões de euros de dívida em 2012, um quinto de sua colossal dívida, avaliada em 1,9 trilhão de euros (120% de seu PIB).

Desde sua chegada ao governo italiano, em meados de novembro, substituindo Silvio Berlusconi, cujo governo foi varrido pelos escândalos e pela crise da dívida, Monti implementou medidas para acalmar os mercados, colocando as contas públicas em ordem.

Pouco antes do Natal, o governo Monti adotou o terceiro plano de austeridade em menos de seis meses, que prevê uma redução do orçamento de 20 bilhões de euros, graças a uma alta da tributação do setor imobiliário e a um endurecimento dos regimes de aposentadorias.

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Os grandes partidos políticos italianos, inquietos pelo impacto recessivo do plano, exigiram com urgência medidas para favorecer o crescimento. Monti revelou nesta quinta-feira que estuda uma reforma trabalhista para aumentar a “flexibilidade”.