Após registrar queda de 26,6% nas vendas em 2015, aindústria automobilística brasileira inicia janeiro com novas medidas de cortede produção. Sem perspectiva de melhora no mercado, várias montadoras anunciamextensão de layoff (suspensão temporária de contratos de trabalho), semanareduzida e programas de demissão voluntária (PDV).
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Na maioria das empresas, os funcionários ainda estão emférias coletivas e a retomada da produção deve ocorrer a partir da próximasemana. Na fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo (SP), o retornoocorrerá na terça-feira, mas cerca de 1,7 mil trabalhadores entrarão em lay-offaté maio.
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Eles vão substituir parte dos 2,3 mil operários queretomarão suas funções após cinco meses de contratos suspensos. Na unidade daGeneral Motors de São Caetano do Sul (SP), um grupo de 750 funcionários quedeveria voltar ao trabalho nesta semana teve o lay-off prorrogado até março.
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Na filial de Camaçari (BA), a Ford abriu na segunda-feira umPDV direcionado especialmente aos cerca de 2 mil trabalhadores do terceiroturno, que será suspenso a partir de março. Já os operários da Caoa/Hyundai emAnápolis (GO) retomaram atividades na segunda-feira, após um mês de fériascoletivas, mas só vão trabalhar quatro dias por semana. Não haverá expedienteàs sextas-feiras durante todo o mês.
Em 2015, com exceção de Honda, Hyundai, Toyota e dasrecém-inauguradas BMW e Jeep, do grupo Fiat, as demais montadoras,principalmente as de maior porte, adotaram medidas de corte de produção duranteo ano todo. O setor opera com metade de sua capacidade produtiva instalada, quebeira os 5 milhões de veículos ao ano.
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Até novembro, as montadoras demitiram 13,3 mil funcionáriose novos cortes são esperados. Há exceções. A Jeep vai contratar neste mês 160trabalhadores para a fábrica inaugurada no ano passado em Goiana (PE), queproduz o utilitário esportivo Renegade. A Nissan também anunciou que abrirá aolongo do ano 600 postos na unidade de Resende (RJ) para iniciar a produção doutilitário Kicks.
Vendas
As montadoras venderam no ano passado 2,56 milhões deveículos, o mais baixo volume anual desde 2007, quando foram vendidas 2,46milhões de unidades. O resultado é 26,6% inferior ao de 2014 – a maior quedaporcentual em 28 anos – e marca o terceiro ano seguido de retração no setor,que até 2013 vinha de nove anos seguidos de crescimento.
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Por segmento, as vendas de automóveis e comerciais leves emrelação a 2014 caíram 25,6% (para 2,48 milhões de unidades), enquanto as decaminhões despencaram 47,4% (72 mil unidades) e as de ônibus, 38,3% (16,9 milunidades).
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Só em dezembro foram vendidos 227,8 mil veículos, 38,4% amenos que em igual mês de 2014, embora 16,7% melhor que novembro. Foi o piorresultado para meses de dezembro desde 2008.
A alta verificada em relação ao mês anterior, na visão dePaulo Roberto Garbossa, da consultoria ADK, se deve a uma possível antecipaçãode compras para escapar dos reajustes de preços que devem ocorrer neste mês.
Na opinião de Garbossa, as vendas devem cair novamente entre5% a 7% neste ano.
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— Enquanto não forem definidas medidas como o ajustefiscal, o mercado continuará parado, pois ninguém sabe o que fazer.
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Ranking
A Fiat encerrou 2015 como líder de vendas no mercadobrasileiro pelo 15.º ano, com 439,2 mil unidades. Contudo, o modelo de maiorsaída da marca, o Palio, caiu para o segundo lugar no ranking dos modelos maisvendidos, apenas um ano depois de ter desbancado o Volkswagen Gol, que ocupou oposto por 27 anos. No ano que terminou, o líder foi o Chevrolet Onix, com 125,9mil unidades vendidas no País.
Entre as fabricantes, só a Honda registrou aumento de vendasem 2015, de 11,2% ante 2014. Volkswagen e Fiat caíram 37,6% e 37%,respectivamente, enquanto a GM caiu 32,9% e a Ford, 17,7%. A maior queda foi ada Citroën, de 41,4%.
Os dados são preliminares e devem ser confirmados nestaquarta-feira, 6, pela Fenabrave, entidade que representa as revendas deveículos. Na quinta-feira, a Anfavea, representante das montadoras, divulgarádados de produção, empregos, exportação e as previsões para 2016.
*Estadão Conteúdo