Há 50 anos realizando celebrações em Joinville, a história de monsenhor Bertino Weber, muitas vezes, se confunde com a da Catedral São Francisco Xavier. Ordenado padre em 1964, na Suíça, um ano depois já comandava missas na principal igreja da cidade, que ajudou a construir após o retorno ao Brasil. Desde então, realizou cerca de 20 mil batizados e 4 mil casamentos.

Continua depois da publicidade

:: MURAL: deixe sua mensagem para o monsenhor Bertino Weber ::

Ele celebra missa quase que diariamente na catedral, proclamando mensagens de fé e esperança aos fiéis, que o consideram um dos mais queridos sacerdotes da cidade, popularidade que faz com que, a partir desta sexta-feira, ele receba homenagens pelos 50 anos de sacerdócio.

:: Monsenhor Bertino celebrou seu casamento ou batismo? Envie sua foto para o e-mail an.com@an.com.br ::

Continua depois da publicidade

Durante as tardes, Bertino reserva tempo para o reconhecido trabalho junto aos pacientes de hospitais, onde realiza missas e leva palavras de conforto aos doentes. Aos 76 anos, transparecendo juventude, disposição e simpatia, ele ainda joga basquete, duas vezes por semana, e vôlei, uma vez na semana. Tudo para manter a saúde em dia.

-No vôlei, eu era um bom cortador. No basquete, sou mais armador, mas ainda faço cestas de três-, brinca.

Bertino nasceu em Anitápolis em 1937, mas passou a infância e o início da adolescência em Rio do Campo, para onde mudou-se com a família quando tinha nove anos. A vontade de ser padre surgiu na época em que era coroinha da igreja.

Continua depois da publicidade

No entanto, a caminhada na vida religiosa começou apenas aos 14 anos, quando decidiu integrar o seminário na cidade de Salete. Permaneceu ali durante seis anos para depois concluir os estudos no seminário de Azambuja, em Brusque.

Em 1959, aprendeu filosofia em Curitiba e, no ano seguinte, conseguiu bolsa de estudos para aprender teologia na Universidade de Friburgo, na Suíça. Em companhia de dois amigos, embarcou em um navio no Rio de Janeiro que viajou durante 16 dias em direção a Gênova, na Itália. De lá, pegaram um trem com destino à Suíça.

Após cinco anos de estudos e viagens pela Europa durante as férias, Bertino foi ordenado padre em 22 de junho de 1964, em cerimônia presidida pelo bispo Nestor Adam, da diocese de Sion. Ao mesmo tempo, no Brasil, o pai, a mãe e os 14 irmãos realizaram uma celebração em Rio do Campo para comemorar a ordenação.

Continua depois da publicidade

O retorno a SC foi para Joinville. Apesar de ter ajudado outras comunidades, a vida religiosa do padre sempre foi na catedral, onde celebra missas há 49 anos. Normalmente, um sacerdote fica de oito a dez anos em uma comunidade até ser transferido para outra. No entanto, dom Gregório Warmeling, então bispo da diocese de Joinville, pediu para que Bertino permanecesse na catedral. Nunca mais saiu.

Em 2004, foi indicado pelo bispo dom Orlando para ganhar o título de monsenhor, concedido aos padres como reconhecimento pelo trabalho. Conquistou o título após reconhecimento do papa João Paulo II.

Bertino ainda se tornou cidadão honorário de Joinville, recebeu a Medalha do Mérito Anita Garibaldi, entregue aos cidadãos que se destacam pelos serviços prestados ao Estado, e foi eleito personalidade do século pelo Sindicato dos Radialistas do Norte Catarinense.

Continua depois da publicidade

Serviço

O quê: celebração em homenagem aos 50 anos de ordenação de monsenhor Bertino

Onde: Catedral São Francisco Xavier

Quando: sexta-feira, às 19 horas, e domingo, às 10 horas.

Ordenação de monsenhor Bertino (no centro) em 22 de junho de 1964

A fé e a vida têm de estar relacionadas”

Durante a caminhada nos últimos 50 anos, Bertino viu a própria religião mudar. Segundo ele, hoje se exige mais do cristão, porque a fé e a vida têm de estar relacionadas. De acordo com ele, não adianta ter fé se a vida é desregrada.

-Este é o grande trabalho que temos que fazer hoje, que a palavra de Deus seja uma mensagem feliz e alegre, não impondo coisas. Esse é o nosso esforço, de estarmos junto do povo e mostrarmos o caminho de Deus.

Em novembro, ele completa 77 anos se sentindo muito bem e com uma saúde de dar inveja a muitos jovens. Ao olhar para sua própria história, monsenhor Bertino não cansa de agradecer a Deus pelos amigos e por tudo que conquistou.

Continua depois da publicidade

-Todo sacerdote se realiza quando consegue transmitir algo de Deus ao povo. Isso sempre foi uma paixão para mim, uma missão que recebi e tenho que agradecer sempre.

Humildade e generosidade na relação com as pessoas

A secretária Jamile Gianne Cardoso, 36 anos, trabalha na Catedral São Francisco Xavier e convive com Bertino há dez anos. As conversas diárias giram, principalmente, em torno da agenda do padre, com as missas, batizados e demais compromissos, mas ela o conhece o suficiente para saber que o sacerdote é um homem muito calmo e gentil no tratamento com as pessoas.

-É muito gratificante trabalhar com uma pessoa que não distingue ninguém, que é humilde, honesto e generoso. Não são todos que chegam aos 50 anos de ordenação como um exemplo que ele é-, conta.

Continua depois da publicidade

Por trabalhar há uma década com ele, Jamile está acostumada com a vontade que Bertino tem em mexer com a terra em uma pequena horta atrás da catedral e com a animação dele em decorar a igreja em tempos de Natal.

Ou, ainda, com a alegria e a humildade de descer do altar no fim de cada celebração para cumprimentar os fiéis. É assim que monsenhor Bertino tem arrebanhado muitos admiradores e amigos ao longo dos anos.

A dona de casa Jurema Possenti Osellame, 72, o conhece há mais de 40 anos. Os primeiros contatos ocorreram justamente na catedral, onde acompanhava as missas celebradas pelo padre. Com o tempo, surgiu uma forte amizade entre o casal Jurema e Ironildo e o sacerdote.

Continua depois da publicidade

Apesar de terem se casado em Urussanga, os dois fizeram o curso de noivos em Joinville com Bertino. Foi ele também quem batizou os filhos do casal Osellame, Daniela e Marcelo, em 1971 e 1976, respectivamente.

-Quem hoje tem filhos de 40 anos foram todos batizados pelo padre Bertino-, brinca Jurema.

Segundo a dona de casa, tanta popularidade vem da humildade e da simpatia do sacerdote, que é sorridente e sempre tem uma palavra de alento para todos. De acordo com ela, a diferença entre a missa de Bertino para a dos outros é a forma com que ele transmite a palavra de Deus.

-Ele faz uma pregação em que fala aquilo que as pessoas querem ouvir e transmite isso tão bem que agrada a todos-, resume.

Continua depois da publicidade