Malagueta não arde. Pelo contrário, é doce como geleia, mesmo as de pimenta. Agitada como um pequeno príncipe que aprende com cada uma de suas descobertas, ela corre de lá pra cá, pula de cá pra ela, vibra, e até cai, com técnica e profissionalismo. Os olhos da audiência, grandes e pequenos, não desviam a atenção de nenhum gesto, porque a qualquer momento pode nascer uma risada solta, daquelas que fazem qualquer um voltar a ter cinco ou seis anos de idade.

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::: Cores do Fitub iluminam o Teatro Carlos Gomes na primeira noite de festival

Em frente ao templo blumenauense do teatro, bem no Centro da cidade, Malagueta contou sua história para quem quisesse ouvir. Era só chegar, sentar e aproveitar. A escadaria central ficou cheia rapidinho e quem não garantiu um lugarzinho num degrau se espalhou pela grama e pelo chão para ouvir as histórias das histórias de Malagueta.

Curiosa e desejosa de ser grande para descobrir tudo o que estava ao seu redor e além, dormiu pequena e acordou grande – “gigantona, deste tamanhão”, fala, enquanto tateia o próprio corpo para mostrar o quanto cresceu – e decidiu rodar os mundos com sua casinha sobre rodas.

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Numa viagem aventuresca que poderia ter saído de um livro, Malagueta conheceu personagens tão distintas que pareciam habitar planetas totalmente diferentes: o Rei, que considerava todos seus súditos; a Mulher Vaidosa, que só ouvia os elogios; o Beberrão, que bebia para esquecer a vergonha de beber; o Empresário, que só fazia contas para comprar mais estrelas, sem ser útil à elas, e ser mais rico; o Acendedor e seu Lampião, que apagava – “Bom dia!” – e acendia – “Boa Noite!” -, sem descanso; e o Geógrafo, que só estudava, mas não explorava.

Já no início da jornada ela concluiu que as pessoas grandes são estranhas, fato que se confirma para ela a cada parada. Mas foi com o último encontro que Malagueta entendeu que o que procurava não era ser grande ou pequena, mas sim ser feliz com o tamanho que tem e, de alguma forma, ser útil às estrelas.

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Malagueta é o alter ego de Paula Bittencourt, atriz veterana de Fitub que apresentou a jornada da palhaça que queria ser gente grande na tarde deste sábado na Praça do Teatro Carlos Gomes. A peça Malagueta Quer Ser Grande, que bebe da fonte de um dos maiores clássicos da literatura e mostra que as artes andam de mãos dadas, é um dos espetáculos convidados do 29º Fitub.

Quando terminou o espetáculo, emocionada e dedicando a apresentação à filha Maria Flor que completava seis anos de idade, Malagueta/Paula contou o quanto a participação no festival universitário é significativa.

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– Eu estou muito emocionada, é um festival que tem uma história, eu vivi muito ele e aprendi muito nesse festival, então é uma honra estar aqui – declarou, calculando que já participou “umas 20 vezes” do Fitub.

Na estrada há 15 anos, Paula se dedica ao teatro infantil há cerca de cinco e revela que sempre aprende um pouco mais com cada viagem de Malagueta:

– Principalmente a amar as pessoas. Parece piegas, mas é o essencial, é compartilhar as emoções, enfim, é pra isso que serve a arte.

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O 29º Fitub segue até o dia 14. Os ingressos custam R$ 18, R$ 9 (meia) e R$ 6 (servidores e alunos da Furb ). A entrada é franca para palco sobre rodas, análises de espetáculos e palestras, entre outras atividades. A programação completa está disponível na página oficial do festival.

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