Quinze baleias-francas, seis mães acompanhadas de filhotes e três adultas sozinhas, foram avistadas neste domingo, 28, no litoral da Santa Catarina. Esse foi o primeiro sobrevoo de monitoramento realizado na temporada, quem já apresenta um número menor de animais em relação a 2018. Em julho do ano passado, foram 36 baleias avistadas do Sul de Florianópolis até Balneário Rincão.

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Os pesquisadores acreditam que a temporada será de números inferiores à anterior, que registrou um recorde de 280 cetáceos na região. Esse montante pode ter ocorrido em função de uma pausa reprodutiva nos anos anteriores, quando o número de baleias avistadas foi cerca de 50. Sendo assim, elas vieram a se reproduzir em grande número em 2018. Para esse ano, a expectativa é que menos de 100 baleias-franca visitem o Estado, que é a média.

Neste primeiro sobrevoo, o monitoramento se estendeu até Torres, no Rio Grande do Sul, e todos os animais avistados já fazem parte do catálogo do Instituto Australis, que conta com mais de mil animais. A novidade, segundo a bióloga e diretora de Pesquisa do Instituto, Karina Groch, é que as duas baleias avistadas no início de julho estavam de fato grávidas, e ganharam os filhotes por aqui.

— Das nove adultas que avistamos, sete já são conhecidas e catalogadas e são fêmeas, seis estão com filhotes. Uma delas deve estar grávida, pois está no intervalo de três anos e deve ganhar o bebê aqui — explica Karina.

A baleia catalogada como B349, conhecida desde 2004, teve o seu quinto filhote este ano. A outra, B704, é conhecida desde 2013, e teve agora o terceiro bebê no litoral catarinense. Uma outra fêmea avistada, que está no intervalo reprodutivo de três anos, é conhecida pelos pesquisadores desde 1998 e deve ganhar filhote nos próximos dias.

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B704 e o filhote recém-nascido (Foto: Carolina Bezamat/SCPar Porto de Imbituba)

Como uma espécie de berçário, é por aqui que essas gigantes do mar vêm se reproduzir, ganhar os filhotes e amamentar. A escolha pela região tem a ver com as águas mais calmas e quentes do que as encontradas na região de onde elas vêm, as Ilhas Geórgia do Sul. São cerca de três mil quilômetros percorridos para chegar por aqui.

Além de ganhar peso, são nas águas calmas de Santa Catarina que esses filhotes aprendem a nadar. Assim que dá à luz, a baleia fica pelo menos três meses na mesma região, até que o bebê ganhe peso e habilidade antes de começar a jornada de volta para casa.

— Quando a baleia nasce não tem gordura suficiente para se proteger do frio da Antártida, a mãe vem para cá grávida e quando ele nasce e começa a mamar, em torno de 200 litros de leite por dia, ele começa a adquirir esse gordura que é proteção para o frio, e eles podem retornar — comenta o coordenador de Pesquisa do Instituto, Eduardo Renault.

Temporada e monitoramento

A época de aparição das baleias-franca em Santa Catarina vai de julho a novembro, e para acompanhar a movimentação delas por aqui, são várias iniciativas. O monitoramento do Instituto Australis é feito com auxílio de drone e também por terra, e será intensificado a partir de agosto com estagiários em diversas praias dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia Franca.

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O monitoramento na região do Porto de Imbituba, em parceria com a empresa Aquaplan, faz parte do Plano de Controle Ambiental do Porto de Imbituba/SCPar. Estão previstos mais dois sobrevoos de helicóptero, um em setembro, quando é o pico de avistagens, e um último em novembro, época em que as baleias estão deixando o litoral catarinense.