A Copa do Mundo se aproxima, e com ela as lembranças de Mundiais passados. Há muita história para contar das 19 edições anteriores, mas como seria praticamente impossível citar tudo que os torneios já produziram, ZH Esportes irá enfileirar momentos marcantes nesses 84 anos.
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Confira as matérias da série Momentos da Copa
Diariamente, até o início do evento, serão publicados cinco destaques de um determinado tema. Certamente muitos faltarão, e contamos com você, leitor, para relembrar essas relíquias do futebol.
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Confira aqui cinco jogos com expulsões que marcaram as Copas:
Carlos Caszely – Chile 0 x 1 Alemanha Ocidental – Alemanha (1974)
Apesar dos cartões amarelo e vermelho já terem sido testados na Copa de 70, pensando na transmissão de TV, nenhum jogador havia sido punido até então. A primeira expulsão com cartão da história das Copas aconteceu durante a partida de abertura do Mundial de 74, na Alemanha.
O atacante chileno Carlos Caszely foi expulso após dar o troco de uma entrada do zagueiro alemão Berti Vogts, aos 22 minutos do segundo tempo. Com gol marcado pelo lateral-esquerdo Paul Breitner no início do jogo, o time da casa fez uma partida bastante nervosa contra o Chile, mas conseguiu manter o resultado e se encaminhar para o título.
Caszely voltou no empate contra a Austrália, que acabou eliminando seu país do Mundial. Além da derrota, a expulsão acabou sendo ainda mais dura para o jogador no Chile. Conhecido por ter se recusado a apertar a mão do ditador chileno Pinochet no ano anterior, o craque foi rechaçado pela imprensa obediente ao regime militar, chegando a enfrentar alguns boicotes a suas convocações.
Mesmo assim, depois da Copa, o jogador começou a melhor fase de sua carreira, sendo considerado um dos jogadores destaques do país e ícone da resistência contra o regime chileno.
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Luís Pereira e a tesourada em Neeskens – Brasil 0 x 2 Holanda – Alemanha (1974)

Neeskens e Cruyff marcaram os gols da Holanda
Foto: Banco de Dados / Agência RBS
A Holanda revolucionava o futebol na Copa de 74, com um sistema de jogo inédito até hoje na história do futebol. O “Carrossel Holandês” exibia uma movimentação que confundia qualquer adversário, com os jogadores rodando pelo campo sem uma posição fixa, com ou sem bola.
Já o Brasil, à sombra do Tri de 70, jogava um futebol irregular. O time verde-amarelo marcou o primeiro gol apenas na terceira partida contra o Zaire. Contava com um time radicalmente alterado por Zagallo – somente Piazza, Rivelino e Jairzinho continuaram titulares da equipe, que não contava com Pelé, Tostão, Gérson e Carlos Alberto.
O encontro das seleções poderia ter sido a melhor partida do Mundial, mas acabou violento. Apesar do futebol habilidoso e descontraído, o Brasil estava visivelmente nervoso contra o “futebol total” holandês, na partida que definiria quem iria para a final.
Zé Maria atacava os adversário com jogadas violentas, o meia Carpegiani acertou o tornozelo do comandante holandês Cruyff e o zagueiro Luís Pereira pegou Van Hanegan por trás. Apesar de dar o troco em alguns lances, a Holanda resolvia as coisas na bola.
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Após o segundo gol de Cruyff, o árbitro alemão Kurt Tschenscher, conivente com a violência durante todo o jogo, expulsou o zagueiro Luís Pereira, depois de uma tesourada em Johan Neeskens, que também sofria nas canelas de Marinho Chagas.
O Brasil acabou em quarto lugar ao perder para a Polônia. O próprio Luís Pereira admitiu, mais tarde, que, para o Brasil, a colocação foi de bom tamanho com o futebol apresentado, em uma das Copas mais indisciplinadas da Seleção, com 10 cartões amarelos e um vermelho. Já a Holanda, apesar da magia do Carrossel Encantado, acabou perdendo na final para a Alemanha por 2 a 1.
Expulsão de Maradona – Brasil 3 X 1 Argentina – Espanha (1982)

Serginho Chulapa marcou o segundo gol na vitória brasileira
Foto: Telmo Cúrcio da Silva / Agência RBS
É claro que esse encontro geraria faíscas históricas. Após uma excelente campanha na primeira fase, o Brasil jogava uma de suas melhores partidas na Espanha, enquanto a Argentina, que perdera por 2 x 1 para a Itália, lutava desesperada para continuar no Mundial.
O placar da partida foi aberto com um gol de falta, cobrado por Zico aos 11 minutos do primeiro tempo. O baile seguiu na segunda etapa com um passe fatal de Falcão para Serginho na pequena área, e um gol de Junior, que ficou eternizado com a imagem do jogador sambando para a torcida.
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Inconformado com a iminente eliminação da Argentina, logo em sua estreia em Copas, a irritação de Maradona chegou ao ápice no final da partida. Cego de raiva, ele acertou um chute no meio das pernas do volante Batista, que recém havia entrado em campo, sendo imediatamente expulso aos 40 minutos do segundo tempo.
Tempos depois, Maradona admitiu que só acertou tão brutalmente o volante brasileiro porque achou que se tratava de Falcão. A Argentina chegou a marcar um gol com Ramón Diaz, mas nada parou a festa brasileira. Infelizmente, o Brasil acabou perdendo na partida seguinte diante da Itália, por 3 x 2.
A Batalha de Nuremberg – Portugal 1 x 0 Holanda – Alemanha (2006)

Felipão se diverte no famoso trenzinho de Portugal em 2006
Foto: Jonne Roriz / Estadão Conteúdo
Aqui não se trata de um cartão vermelho específico, mas do jogo com mais expulsões das Copas, entre Portugal e Holanda, válido pelas oitavas de final da Copa da Alemanha de 2006. O árbitro russo Valentin Ivanov mostrou 16 cartões amarelos e quatro vermelhos, um recorde na história do Mundial.
Aos seis minutos do primeiro tempo, o zagueiro Boulahrouz cravou as chuteiras na coxa de Cristiano Ronaldo, ganhando apenas um cartão amarelo. Os gajos comandados por Luiz Felipe Scolari, a partir de então, começaram a perder a cabeça. A partida teve todo tipo de lances violentos – cabeçadas, empurrões e carrinhos a todo momento.
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O primeiro jogador a ser expulso foi o volante Costinha, no final do primeiro tempo. Boulahrouz foi expulso aos 17 minutos do segundo tempo por uma cotovelada em Luís Figo.
Deco, brasileiro naturalizado português, recebeu um amarelo por um carrinho, e o vermelho, após retardar uma cobrança de falta, em um intervalo de cinco minutos, na etapa final. Depois foi a vez do lateral holandês Van Bronckhorst, que fez uma falta violenta ao tentar recuperar a bola no final da partida.
O confronto terminou em 1 a 0 para Portugal, com um gol de Maniche aos 23 minutos do primeiro tempo. Ao todo, foram marcadas 25 faltas, 10 cometidas pelos portugueses e 15 pelos holandeses.
Cabeçada de Zidane em Materazzi – França 1 x 1 Itália (3 x 5 nos pênaltis) – Alemanha (2006)
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O momento em que Zidane desfere a cabeçada no peito de Materazzi
Foto: JOHN MACDOUGALL / AFP
O camisa 10 da seleção francesa se despedia com sucesso do futebol, com excelentes atuações no Mundial da Alemanha em 2006 – inclusive na eliminação do Brasil, em partida que terminou em 1 a 0. Na final, a França empatava em 1 a 1 com Itália, após um gol calculado de Zidane em uma cobrança de pênalti, aos sete minutos do primeiro tempo, e uma cabeçada do zagueiro Materazzi, aos 19.
No segundo tempo da prorrogação, Materazzi segurou a camiseta de Zizou. O francês ironizou, dizendo que se ele quisesse sua camisa, poderia lhe dar ao final da partida, ao que o italiano respondeu que “preferia sua irmã”.
Fora de controle, Zidane caminhou contra o jogador e lhe deu uma cabeçada no peito tão forte que derrubou o zagueiro italiano. A expulsão ocorreu após a denúncia de um assistente. Sem seu melhor jogador na cobrança de pênaltis, a França, perdeu por 5 a 3. A Itália tornou-se a única seleção a ganhar o tetra além do Brasil – apesar da cabeçada de Zizou ter tanta repercussão quanto o título da Azzurra.