A Copa do Mundo se aproxima, e com ela as lembranças de Mundiais passados. Há muita história para contar das 19 edições anteriores, mas como seria praticamente impossível citar tudo que os torneios já produziram, ZH Esportes irá enfileirar momentos marcantes nesses 84 anos.

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Confira as matérias da série Momentos da Copa

Diariamente, até o início do evento, serão publicados cinco destaques de um determinado tema. Certamente muitos faltarão, e contamos com você, leitor, para relembrar essas relíquias do futebol.

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Confira aqui as cinco faltas que marcaram a história das Copas:

Pênalti “malandro” de Nilton Santos – Brasil 2 x 1 Espanha, Copa do Chile, 1962

Arquivo O Globo

A partida entre Espanha e Brasil era a última da fase de grupos e considerada a mais difícil daquela campanha. As duas equipes tinham começado desfalcadas: a Espanha não contava com Di Stéfano, craque do Real Madrid, e o Brasil começou nervoso com a ausência de Pelé. Quem perdesse voltava para casa. A tensão certamente cresceu ainda mais quando a Seleção tomou um gol de Adelardo aos 35 minutos do primeiro tempo.

Ainda assim, a cabeça fria de Nilton Santos virou o jogo no segundo tempo, quando o atacante Enrique Collar avançava com a bola e foi derrubado pelo lateral-esquerdo dentro da grande área. O pênalti era evidente, mas antes do juiz chegar para conferir o lance, o bom malandro, sem se desesperar, levantou as mãos e deu dois passos para fora da área. O árbitro marcou falta.

A jogada acabou virando a mesa. O craque Puskas bateu a falta para Peiró marcar de bicicleta, mas o gol foi anulado por ser considerado jogo perigoso, um lance ainda sem explicação. Reanimada, a Seleção virou o jogo com Amarildo, substituto de Pelé, que fez o primeiro driblando o zagueiro e o goleiro aos 27 minutos do segundo tempo e o segundo cabeceando um cruzamento certeiro de Garrincha, aos 41 minutos.

Morais derruba Pelé e elimina o Brasil – Portugal 3 x 1 Brasil, Copa da Inglaterra, 1966

A partida já começou amedrontadora para o Brasil. Para disputar contra a Hungria na partida seguinte, a Seleção precisava vencer Portugal por três gols de diferença. Com um time alterado e com ataques diretos a Pelé, que foi derrubado pela primeira vez perto da área portuguesa. O Brasil perdeu essa cobrança de falta e quase teve pênalti contra si, que o árbitro não marcou. A derrocada do Brasil começou com o primeiro gol de Simões aos 15 minutos. Nos 27 minutos, Torres cabeceia para a estrela Eusébio, que faz um gol espetacular. Foi aí que veio a falta que matou a partida de vez para o Brasil. Jogando contra ninguém menos que o Rei, o zagueiro português Morais continuou avançando e matou: conseguiu derrubar Pelé com duas entradas violentas que contundiram o joelho do ídolo.

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Pelé se contorcia de dor perto da grande área portuguesa. O lance sequer recebeu um cartão amarelo. Ele chegou a voltar ao campo, mas apenas para fazer número e saiu novamente. Rildo chegou a descontar, na metade do segundo tempo para a seleção, mas o segundo gol de Eusébio serviu apenas para manter a festa dos portugueses. A falta também marcou para sempre a carreira do zagueiro português: Morais ficou com fama de violento pelo resto da vida, mas ajudou a levar Portugal para a disputa do terceiro lugar.

Horacio Troche derruba Emmerich e impede a vitória uruguaia – Uruguai 0x4 Alemanha, Copa da Inglaterra, 1966

Um pênalti não marcado mudou a partida inteira. O jogo começou forte para os uruguaios, que quase marcaram um gol aos 4 minutos do primeiro tempo. Apenas dois minutos depois, o zagueiro Schnellinger desviou um gol certeiro de cabeça de Pedro Rocha com a mão, mas o árbitro não marcou pênalti, irritando o time sul-americano contra o árbitro inglês James Finney. Aos 12 minutos, Haller marcou o primeiro gol da Alemanha com um chute meio por acaso de fora da área.

Aí a ira dos uruguaios despertou. Revoltados com uma arbitragem tendenciosa, eles abusaram da violência. Já nos quatro minutos do primeiro tempo, Horacio Troche derrubou Emmerich no meio de campo. Apesar do lance violento, o uruguaio ainda estendeu a mão ao atacante caído. Sem hesitar, o juiz expulsou o zagueiro, revoltado, que ainda deu um tapa em Uwe Seeler na saída do campo. A falta culminou na derrocada dos uruguaios. Minutos depois, o Hector Silva aplicou outra entrada em Haller e também foi retirado. Aí, a Alemanha marcou três gols, com um drible de Beckenbauer no goleiro, um chute no ângulo da trave e outro de Haller aos 38 minutos.

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A primeira expulsão graças às imagens de TV – Itália 2 x 1 Espanha, Copa dos EUA, 1994

Reprodução

Nas quartas-de-final, a Itália dominou o primeiro tempo contra a Espanha com um gol de fora da área de Dino Baggio. Tanta confiança deve ter distraído o time por um momento, quando os ibéricos empataram com Caminero no início do segundo tempo, após um belo drible que resultou em um chute de fora da área que desviou em um zagueiro italiano para a rede. A virada não durou muito, após os espanhóis perderem o gol com Hierro, defendido pelo goleiro Pagliuca. A Itália virou o jogo com o segundo gol de Roberto Baggio, que marcou ao driblar o goleiro.

Quando a Itália avançava para o terceiro, o lateral Tassotti acertou cotovelada violenta no atacante Luis Enrique dentro da área, quebrando o nariz do jogador. Mesmo com o espanhol ensanguentado e com briga em campo, o lance passou em branco pela arbitragem. Depois de analisar as imagens de TV, a Fifa suspendeu Tassotti por quatro partidas, na primeira vez que o recurso foi usado pela entidade para punir um lance. A Itália venceu, mas o jogador não disputou mais partidas naquela Copa – foi seu último jogo com a Azzurra.

Cotovelada de Leonardo contra Tab Ramos – Brasil 1 x 0 EUA, Copa de 1994

Reprodução

Tranquilo com um jogo contra os americanos, o time de Parreira atuou de forma excessivamente defensiva na primeira etapa. Porém o jogo teve um lance violento nos minutos finais do primeiro tempo, quando Leonardo acertou uma cotovelada brutal no meia Tab Ramos. O americano caiu em campo, com fraturas no maxilar e no crânio – ele diz que sente dores até hoje no lugar da lesão. A expulsão do lateral-esquerdo brasileiro foi imediata, resultando em suspensão pelas quatro últimas partidas da Copa. Mesmo desfalcado, o Brasil venceu em um gol que teve um passe brilhante de Romário para Bebeto no segundo tempo, logo no feriado mais importante dos americanos, o 4 de Julho, dia da Independência.

A expulsão de Leonardo foi decisiva na partida seguinte, contra a Holanda, quando Branco assumiu sua posição. Apesar da torcida rejeitá-lo nos primeiros momentos, o lateral reserva marcou o gol da virada em uma cobrança de falta – o jogador chorou na comemoração do gol. Ou seja: a expulsão acabou ajudando o time brasileiro na conquista do Tetra.

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