O comércio internacional recebe influência das relações políticas entre as nações. Em um determinado momento, por força das circunstâncias, um mercado pode fechar seus portos a um fornecedor tradicional. Nesse mesmo momento, outro país, que está fora do contencioso, passa a aproveitar a oportunidade aberta.

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Exemplo dessa situação é o atual fornecimento de proteína animal brasileira à Rússia. Os embarques aumentaram porque estão substituindo o produto que era fornecido pela União Europeia (UE) e pelos EUA. Ambos se viram proibidos de exportar carnes para o mercado russo, no contexto da crise ucraniana. A Rússia, segundo maior mercado consumidor de alimentos da UE, embargou frutas, vegetais, laticínios e carne, em resposta às sanções da Europa. A retaliação fez com que as exportações de países da América Latina para a Rússia aumentassem, sobretudo a carne brasileira.

Crises entre países abrem oportunidades para terceiros. Graças a habilitação de novos frigoríficos, as vendas de carne de frango do Brasil para a Rússia, em outubro, aumentaram 455% em volume na comparação com outubro de 2013 e o valor alcançou US$ 75,61 milhões, alta de 305%. Já em carne suína, a participação da Rússia nos embarques brasileiros, em outubro, foi bastante representativa: quase 47% em volume e 60% em valor.

Este momento nos evoca os tempos em que a Rússia abocanhava 75% das nossas vendas de carne suína, há cerca de 10 anos. Claro, a dependência russa diminuiu bastante em carne suína, pois o Brasil abriu vários outros mercados, entre eles EUA, Japão e China. Devemos buscar a diversificação de mercados.

Com a Rússia vivemos uma relação comercial embasada em respeito, seriedade e fornecimento responsável de produtos com alto grau de confiabilidade. Mas o histórico de altos e baixos no relacionamento comercial com a Rússia nos coloca em posição de cautela.

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