Depois da pressão feita por agricultores em Brasília na semana passada, veio a decisão que, por ora, suspende a demarcação de terras na área reivindicada por índios em Sananduva e Cacique Doble, no norte do Estado. O próximo passo será a criação de uma “mesa de diálogo”, que terá a difícil missão de tentar encontrar uma solução justa para essa delicada questão. Para que o desfecho seja o melhor possível, além do Ministério da Justiça, irão participar das discussões integrantes da Funai, dos índios, do Ministério do Desenvolvimento Agrário e dos produtores.
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– Cada parte tem sua razão. O problema são laudos que não traduzem a realidade – afirma o presidente da Federação da Agricultura do Estado, Carlos Sperotto.
A presença do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, é aguardada com ansiedade no Rio Grande do Sul. No mês passado, a visita dele acabou sendo adiada. Agora, o ministro já disse que virá ao Estado para instalar a mesa de diálogo, embora a data ainda não tenha sido definida. Uma das possibilidades é de que seja na próxima segunda-feira, dia 18.
Enquanto isso, produtores e índios se veem às voltas com uma indefinição que tensiona a relação, como mostra reportagem de hoje na página 37. Apesar de terem em mãos as escrituras que atestam a propriedade das terras, as 110 famílias de agricultores que vivem no local em questão já não sabem mais se devem continuar investindo. São pequenos produtores, com áreas de tamanho médio de 12 hectares.
– Há um sentimento de impotência. Ficamos esperando uma definição do governo e de setores que têm essa responsabilidade. O Estado brasileiro está ausente no que diz respeito a trabalhar a paz nesses locais – observa Sidimar Luiz Lavandoski, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar de Sananduva.
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