Substituição na Ucrânia: sai o contestado presidente Viktor Yanukovich (cujo atual paradeiro é desconhecido após sua fuga de Kiev), entra Alexandr Turchinov.

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O presidente do parlamento ucraniano, pró-União Europeia, é o novo homem forte do país e agora corre contra o tempo para formar um governo interino de unidade nacional até as eleições, antecipadas para 25 de maio.

O legado deixado pelo antecessor de Turchinov é dos mais tristes: deposto, Yanukovich se tornou um pária, com todas as culpas voltadas para si. Mesmo seu partido, em comunicado divulgado ontem, o acusa de ser “o responsável por acontecimentos trágicos” e condena sua “traição”.

“A Ucrânia foi traída, os ucranianos confrontados uns aos outros”, afirma o Partido das Regiões, que acusa “Yanukovich e seus aliados”.

Com o afastamento do líder, a Praça Independência, epicentro dos três meses de protestos que provocaram a mudança no país, retoma certa calma, e os ucranianos, pouco a pouco, podem começar a pensar no futuro. Libertada no sábado, a ex-primeira-ministra Yulia Timoshenko já afirmou não aspirar a retomar o cargo, mas instou suas dezenas de milhares de apoiadores, reunidos na Praça Independência, a lutarem pela manutenção de um novo país, “a Ucrânia dos homens livres”.

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Subornos, censura e luxo na residência presidencial

Na luxuosa residência do presidente deposto, foram encontrados documentos que detalham um sistema de subornos organizado e uma lista de jornalistas que deveriam ser vigiados.

A casa, que será restituída ao Estado por decisão do Parlamento, permaneceu aberta durante a noite para que os cidadãos pudessem constatar o luxo e a suntuosidade do lugar, considerado o símbolo da corrupção do regime.

Fora do país, o governo dos Estados Unidos e o Fundo Monetário Internacional (FMI) ofereceram ajuda ao novo governo ucraniano. A comunidade internacional teme que a crise tenha aprofundado a divisão entre o leste pró-Moscou e o oeste nacionalista de língua ucraniana.

A chefe de governo da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente russo, Vladimir Putin, concordaram que é necessário preservar “a integridade territorial” da Ucrânia. Putin, por sua vez, chamou de volta seu embaixador em Kiev, Mikhail Zurabov, para “esclarecimentos”.

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