Carlos Moisés não será mais o governador de Santa Catarina a partir do ano que vem. O atual gestor disputava à reeleição e foi apontado como um dos favoritos ao longo de toda campanha. Ele chegou a liderar, empatou com Jorginho Mello (PL) nos levantamentos de meio de campanha, mas acabou em terceiro com 16% na eleição deste domingo (2). O segundo turno será disputado entre Jorginho Mello e Décio Lima (PT) na votação que se mostrou tão polarizada quando a disputa nacional. 

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Moisés não falou com a imprensa na noite deste domingo. Encaminhou uma mensagem falando em serenidade e reconhecendo o resultado da eleição em SC: Recebemos com serenidade o resultado das urnas neste primeiro turno das Eleições. Queremos agradecer os votos de confiança no nosso trabalho e o empenho de todos os nossos apoiadores por todo o Estado. Estamos muito tranquilos porque sabemos que sempre nos pautamos pelo bem de Santa Catarina. Entregamos um estado muito melhor do que recebemos. Governamos durante a pandemia, enfrentando a maior crise sanitária da história, sem descuidar da saúde e da economia. Desejamos que prevaleça o melhor para os catarinenses, confiantes de que a democracia é soberana”, disse. 

A emoção da apuração ficou por conta da disputa acirrada entre Moisés e Décio Lima. O atual gestor ficou o tempo todo atrás do petista, quase sempre com uma diferença na casa dos 10 mil votos. Perto das 20h, quando 60% das urnas tinham sido apuradas, Décio deu um salto e abriu vantagem de mais 30 mil votos. Depois, voltou a diminuir e o resultado, mas na reta final o candidato petista se consolidou como o segundo colocado. Passava das 21h30 quando Moisés ligou para Décio parabenizando pelo resultado. 

O atual governador acompanhou a apuração na Casa d’Agronômica, residência oficial do governador do Estado, com a esposa Kézia Martins da Silva, aas filhas e o vice Udo Dohler (MDB). Alguns secretários de governo também estavam no local. 

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Na Agronômica, o clima era de tranquilidade ao longo da tarde. O vai e vem de carros foi tímido e o som que mais chamava atenção era de um grupo de crianças brincando no jardim da residência. Perto do encerramento da votação, o movimento se intensificou. 

O clima no entorno da casa da governador nada lembrava um dia de apuração. Não tiveram bandeiras, adesivos e apoiadores de Moisés apreensivos na porta do bairro. O aglomero de carros só acontecia quando o sinal estava fechado. 

Moisés chegou a liderar as pesquisa de intenção de voto. Na primeira pesquisa Ipec ele ficou com 23% das intenções de voto. O governador viu a vantagem cair no segundo levantamento divulgado em 20 de setembro e Jorginho se aproximar. A dupla apareceu empatada na liderança com 20%. Já na última pesquisa, de 30 de setembro, Jorginho disparou e ficou 29% das intenções de voto. Moisés cresceu três pontos e ficou com 23%. 

Um novo Moisés

O Moisés que chegou à disputa deste ano difere do comandante dos bombeiros que se apresentava como novidade em 2018. Ao falar sobre a chegada inesperada ao segundo turno naquele ano, o então concorrente atribuiu como consequência da onda Bolsonaro. Hoje, mesmo em um partido na base aliada de Bolsonaro, Moisés não é mais o “nome do presidente” no Estado. 

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Na campanha de 2018, Moisés deixou de fora da disputa pelo segundo turno o gigante MDB e derrotou com o PL o PSD. Mais de 70% do eleitorado acreditou nas promessas de redução de comissionados e gestão “mais eficiente” prometida pelo ex-bombeiro.  

Tudo mudou em 2022, ou quase tudo. Mesmo trocando a arminha feita com os dedos típica de Bolsonaro pelas mãos estendidas formando o 10, seu número de urna, Moisés segue aliado ao bolsonarismo, ainda que não tenha usado o presidente de forma tão clara na campanha. 

Outra mudança foram as alianças. O oponente do segundo turno de 2018, MDB, nesta eleição integrou o chapa na figura de Udo Dohler como vice. 

Duelo na campanha 

O tom de campanha também mudou. Em suas falas, jingles e propagandas eleitorais ao longo do primeiro turno, Moisés quis reforçar que o Estado “já tinha governador”. A frase soava quase como resposta ao que o gestor passou durante o primeiro mandato com dois afastamentos frutos de processos de impeachment. 

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O duelo entre os dois ganhou mais fôlego após o debate da NSC TV. Moisés acusou o senador de tentar interferir em um processo administrativo. O caso está com o Ministério Público.

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Errata: Até as 8h40min desta segunda-feira (3), a matéria dizia que Moisés enfrentou o MDB no segundo turno em 2018. Contudo, ele disputou com o PSD.

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