Durante três anos, na fase de construção do Moinho Joinville, os olhares de quem vivia na cidade, estavam todos voltados para aquele espaço.

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– Meu pai tinha entre 11 e 13 anos nesta época e contava como as pessoas iam até lá só para ver a evolução da construção. Não havia nada parecido em Joinville até então – conta Jutta Hagemann, 86 anos.

Em casa, ela costumava ter os sacos do trigo que era produzido a cerca de dois quilômetros de onde morava, na rua Ministro Calógeras, bem ao lado da residência onde pelo menos dois gerentes do moinho viveram com as famílias: Divico Scheideger e Silvio Bertolotto. A mais de 120 quilômetros, em Brusque, na despensa da casa do historiador Afonso Imhof, 68 anos, também havia sacos de trigo com o desenho do Moinho estampado na frente.

– Mesmo eu não sendo joinvilense, desde muito cedo o Moinho fazia parte do meu imaginário. Para os mais antigos, a estrada de ferro significou a modernidade, mas o Moinho significava a industrialização. Ali, um dia, Joinville já foi grande – avalia Afonso.

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Depois de cem anos produzindo sem interrupções e de ter chegado a ser o responsável por 40% da moagem de trigo em Santa Catarina, o prédio do Moinho Joinville parou de funcionar. Desde segunda-feira, quando a Bunge Alimentos – última empresa a comprar e utilizar o espaço – anunciou o fim das atividades na cidade, o futuro do Moinho como local de operações industriais é incerto. Construído para um motivo específico, continuou servindo para a mesma função para a qual foi inaugurado em abril de 1913.

Apesar de sua inegável importância como patrimônio histórico, ele ainda possui a fragilidade de ser uma unidade de interesse de preservação, título que mantém desde os anos 1980. No entanto, em 48 páginas de papel A4 está um dossiê que poderá ditar o futuro do Moinho Joinville ainda em 2013.

O documento – um relatório elaborado por uma comissão de historiadores e arquitetos criada em maio deste ano – detalha a história do prédio e inclui argumentações para seu tombamento municipal. Este é maior passo dado até agora pela Prefeitura Municipal de Joinville para manter intacta a imagem do prédio às margens do rio Cachoeira.

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