Mohammed Dawood, de 17 anos, é um jovem prodígio não somente de seu país, o Iraque, mas também de toda a região, já que é o único jogador árabe tido como uma das estrelas emergentes do futebol no mundo.

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Natural de Bagdá e fã do futebol espanhol, Mohammed sequer sonhava há apenas dois anos que algum dia poderia estar perto de jogar ao lado dos ídolos. Os três gols marcados em novembro no Mundial Sub-17 da Índia, dos cinco que marcou a seleção iraquiana na competição, propulsaram sua popularidade.

O jornal britânico The Guardian incluiu o garoto entre os 60 jogadores que vão marcar o futebol no futuro. Mohammed é o único atleta de um país árabe na prestigiosa lista.

A distinção do jornal deixou Mohammed “muito orgulhoso”, contou o jovem atacante à AFP, ainda deslumbrado com a fama repentina. “Espero estar à altura”, continua, consciente da responsabilidade que pesa sobre seus ombros.

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– Artilheiro da Ásia –

Foi em final de 2016 que o futebol internacional começou a descobrir este jovem iraquiano, de mandíbula quadrada e pequenos olhos pretos escondidos sob sobrancelhas finas, natural de um bairro popular da capital do Iraque.

Aconteceu no campeonato Sub-16 da Ásia, no qual foi o artilheiro com seis gols, três deles na semifinal contra o Japão.

Pela primeira vez na história, o Iraque foi campeão do continente, vencendo a decisão nos pênaltis. Mohammed foi encarregado de converter a última cobrança.

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Desde então, “há técnicos que se interessam por mim”, reconhece, “mas uma pessoa não se torna uma estrela do nada”.

“O futebol precisa de suor e paciência. O sucesso e a glória não chegam nunca sem cansaço”, continua.

Para Mohammed, seu progresso fulminante se deve basicamente a uma pessoa: Qahtan Al Rubaye, técnico da seleção iraquiana Sub-17.

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“É graças a ele que cheguei onde estou hoje”, garantiu à AFP durante um treino.

Em 2015, Rubaye foi vê-lo jogar no Al Khoutout, um clube da segunda divisão de Bagdá. Pouco depois, o convocou para a seleção de base.

“Me surpreendeu, porque os técnicos costumam se concentrar nos jovens talentos das grandes equipes”, reconhece um grato Mohammed.

O técnico não lamentou a aposta, que no passado parecia arriscada: “Confio nele quando está em campo. Tem talento e sabe marcar gols”, afirmou Al Rubaye à AFP, profetizando que o pupilo “vai se tornar um dos melhores jogadores”.

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Mohammed Dawood assinou contrato de três temporadas com o Al Naft, com o qual conquistou recentemente o vice-campeonato iraquiano.

– Escola ou esporte? –

Ao voltar do Mundial Sub-17 da Índia, seu salário de 1.500 dólares foi revisado e ele ganhou um aumento. Hoje, recebe 10.000 dólares mensais.

Mohammed é o mais novo de uma família com seis filhos e que era sustentada pelo salário de taxista do irmão mais velho. Agora, com a renda extra de Mohammed, a situação mudou e o jovem pôde ajudar os familiares e seu pai, desempregado.

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O dinheiro é habitualmente um freio para a aparição de talentos no futebol iraquiano.

“Eu escolhi o futebol e espero recuperar com isso o que perdi ao largar os estudos”, afirmou Mohammed, que precisou optar entre apostar no esporte de alto nível ou continuar sua formação acadêmica. O futebol ganhou.

Pelas palavras das pessoas em seu entorno, a decisão pode ter plantado as sementes para o nascimento de uma futura superestrela.

“Nunca vimos um jogador alcançar esse nível com 17 anos. É o futuro número 1 do futebol do Iraque”, acredita seu técnico no Al Naft, Hassan Ahmed.

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* AFP