A China desvalorizou nesta quinta-feira o valor de sua moeda pelo terceiro dia consecutivo, mas os mercados financeiros, muito golpeados pela desvalorização dos dias anteriores, voltaram à tranquilidade depois que o Banco Central chinês prometeu que irá sustentar o iuane.

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A taxa de referência estabelecida pelo Banco Central chinês para o iuane em relação ao dólar foi reduzida em 1,11%, a 6,4010 iuanes, contra 6,3306 iuanes na quarta-feira, informou o China Foreign Exchange Trade System.

Após a comoção registrada nos mercados de divisas, o Banco Central revelou à imprensa que o iuane continua sendo uma moeda forte e que Pequim a manterá estável.

“Atualmente, não existem bases para que o renminbi [o iuane] continue sendo desvalorizado”, afirmou, em um comunicado, o vice-presidente do BC chinês, Zhang Xiaohui. “O Banco Central tem a capacidade de manter o renminbi mais ou menos estável, em um nível razoável e equilibrado”.

A queda do preço nesta quinta foi menor que as registradas nos dias anteriores, à medida que a moeda foi sustentada pelas declarações do BC chinês de que será evitada uma excessiva volatilidade.

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Os comentários aliviaram os investidores nos demais mercados asiáticos, que nas sessões anteriores registraram sua pior onda de vendas desde 1998, apesar de os analistas destacarem que continua havendo preocupação entre os operadores.

Na Europa, as Bolsas também recuperaram a tranquilidade após duas sessões de queda, com recuperação das principais praças. O índice FTSE-100 de Londres caiu apenas0,04%, enquanto o Dax de Frankfurt subiu 0,82%, e o CAC 40 teve alta de 1,25%, o Ibex 35 de Madri avançou 0,62% e o FTSE MIB de Milão subiu 1,56%.

A China adotou esta semana uma reforma para que a cotação da moeda dependa mais de fatores de mercado, o que foi percebido como uma desvalorização motivada pela necessidade de tornar mais competitivas as exportações da segunda maior economia mundial.

“É provável que o pior já tenha passado”, explicou ao canal Bloomberg News Patrick Bennett, do Canadian Imperial Bank of Commerce, com sede em Hong Kong. “A intervenção do Banco Central acalmou o mercado Já não há uma percepção de que será indefinidamente”.

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O iuane fechou a 6,3982 o dólar, em relação aos 6,3870 da sessão anterior e batendo seu menor patamar desde setembro de 2011.

A China mantém um estrito controle sobre a flutuação da moeda, permitindo uma banda de flutuação de 2% por dia, em relação ao preço fixado no início da sessão.

Na terça-feira, o emissor chinês anunciou um ajuste de 2% em relação ao dólar, argumentando que a mudança é feita para aproximar a moeda de seu preço de mercado.

Até agora, as autoridades chinesas dizem que a cotação da moeda se baseia na informação dos operadores de mercado, mas na terça-feira o banco central informou que serão incorporados no cálculo indicadores como o fechamento do dia anterior, dados do mercado cambial e as cotações das principais moedas.

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Desde então, as autoridades reduziram mais duas vezes o preço da moeda, na maior queda da cotação do iuane desde que a China impôs em 1994 o sistema moderno de flutuação da moeda, quando a divisa perdeu 33% de seu valor.

Intervenção do emissor

Muitos analistas afirmaram que essa estratégia é uma forma de a China impulsionar suas exportações, mas que também obedece à implementação de reformas financeiras necessárias se quiser integrar a cesta de moedas de referência do Fundo Monetário Internacional.

A volatilidade da moeda, que costuma ter uma cotação estável, gerou preocupação e muitos analistas acreditam que a contínua desvalorização do iuane cause impacto em todos os fluxos do comércio mundial.

A Bloomberg News publicou nesta quarta-feira que o Banco Central interveio neste mercado para comprar dólares para sustentar o iuane, informação que o vice-presidente do emissor chinês, Yi Gang, não confirmou.

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Segundo Gang, o Banco Central efetivamente participa age no mercado em caso de grandes flutuações, mas ele negou que haja uma meta de depreciação de 10% para ajudar as exportações.

“Isso não tem sentido, não tem fundamento”, insistiu.

* AFP