A Volta à Ilha ainda não terminou para Felipe Blumenthal Sequeira, de 34 anos. Depois de passar mal durante a prova e ter apenas 20% de chance de sobreviver, o modelo de Porto Alegre espera terminar a corrida mais longa que enfrentou e que quase lhe custou a vida.

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Os passos de Felipe pararam quando restavam apenas 800 metros para concluir o trajeto entre a Cachoeira do Bom Jesus e a Praia Brava, em Florianópolis, no último dia 15. Recuperado, ele recebe alta nesta quarta-feira do hospital de Caridade disposto a concluir aquilo que deixou para trás.

Foram nove dias de UTI e internação em um quarto. Isso porque Felipe exagerou. Ele ultrapassou o limite do corpo durante o percurso de 10,4 quilômetros e teve uma desidratação profunda, que atingiu os rins e o fígado, o que o colocou à beira da morte. À mãe, Rosângela Siqueira, restou a fé e a confiança na recuperação do filho na últimas duas semanas.

– Foi uma guerra que vencemos – conta aliviada.

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Fã dos Beatles, a decepção de Felipe, no período que esteve internado, fica por conta da impossibilidade de ir ao show do Paul McCartney, que acontece na Ressacada. Felipe, que também ataca de cozinheiro e, agora, empresário _ está construindo um restaurante em Rainha do Mar, em Xangrilá, no litoral gaúcho segue hoje para Porto Alegre de carro.

Na Capital gaúcha, os amigos e familiares o aguardam para um churrasco ou uma feijoada. Felipe já traçou uma meta para o próximo ano: quer voltar para Florianópolis e disputar novamente a Volta à Ilha.

– Mas sem o meu apoio – alerta o pai Victor Sequeira.

A entrevista com Felipe Blumenthal

Diário Catarinense – Você se lembra do acidente?

Felipe Blumenthal – Muito pouco. No momento da minha largada eu fiz um esforço muito grande, pois a equipe estava atrás, queria recuperar o tempo perdido. Só lembro que me esforcei muito e faltava pouco para concluir a prova.

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DC – O que foi pior durante a recuperação?

Felipe – A UTI foi um problema. Quando mudou para o quarto foi um alívio, pelo menos passei a me movimentar mais. Antes dependia que fizessem as coisas por mim, estava limitado. Agora fiquei mais livre, posso andar. Ficar nesta situação é muito ruim.

DC – O apoio dos familiares, amigos e até de pessoas desconhecidas, te ajudou de que maneira?

Felipe – A coisa foi grande. Quando abri o Facebook para dar uma olhada vi o quanto repercutiu. Tinha mais de 180 pessoas querendo me adicionar e mais de 200 notificações. Recebi muito apoio, isso serve para dar mais sustentação na minha recuperação.

DC – Pensa em voltar a correr? Ano que vem estará na Volta à Ilha?

Felipe – É uma meta minha. Quero terminar o trecho que faltou do percurso da corrida. Corro há mais de três anos, pois me sinto livre e é algo que faz bem para minha saúde. Se pudesse, já estaria correndo, mas não dá.

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DC – O que pensa em fazer assim que tiver alta e voltar para o Rio Grande do Sul?

Felipe – O que eu não aguento aqui é restrição na alimentação. Tem uma banana cozida que eu odeio, quero comer uma boa carne e torcer para o Grêmio no Gre-Nal que se aproxima.

DC – Que lições você tira deste drama que você passou?

Felipe – Acidentes acontecem, o importante é a gente superar isto. É a vida que segue. É levantar, caminhar, trotar e correr tudo de novo.