Os últimos anos foram de trânsito menos intenso do que o normal devido à pandemia, mas, à medida que a normalidade chega com o avanço da vacinação, quem vive ou trabalha em Florianópolis sabe que o problema das filas é constante. Durante o verão, elas chegam a durar horas – e muitas vezes atrapalham a rotina, principalmente do trabalhador. Enquanto o sistema carece de maior oferta de linhas, o consumidor ainda lida com a alta nos preços.

Continua depois da publicidade

> Saiba como receber notícias do NSC Total no WhatsApp

Por isso, a entidade da capital busca trazer o tema ao debate da comunidade. A Associação Empresarial de Florianópolis (ACIF) defende um modelo que reduza barreiras, permitindo competição e inovação. De acordo com a associação, o momento é de pensar em medidas alternativas para atenuar problemas e garantir melhorias na qualidade do serviço. A nova realidade intensificou os desafios e, com greves constantes, o modelo poderia ser repensado.

Um novo modelo é possível?

No modelo atual, a gestão pública regula e organiza o transporte por meio de uma concessão. Mas será que é possível aumentar a competição desse serviço, trazendo players que foquem na inovação, ampliando trajetos e melhorando a qualidade do transporte para quem vive e trabalha por aqui?

Continua depois da publicidade

De acordo com o presidente ACIF, Rodrigo Rossoni, o transporte coletivo da região é defasado quando se fala em licitação e adota a premissa de que o poder público é quem garante a qualidade e a oferta do serviço.

— Na verdade, é o contrário. Nós sabemos que o que garante a oferta é a demanda das pessoas. E existem pontos de melhoria essenciais, a começar pela necessidade de ampliar a oferta e as opções de transporte a partir da competição, da concorrência, com mais empresas oferecendo transporte, especialmente naquelas linhas com maior demanda de passageiros. As pessoas teriam assim acesso a melhor qualidade e preços mais baixos — avalia.

Rossoni acredita que, quando há mais concorrência, as empresas vão competir pela preferência do consumidor, o que levaria à diminuição das tarifas.

— Hoje isso não existe. Na prática, as empresas ganham uma concessão e acabam fazendo a oferta do serviço de maneira exclusiva. Isso pode ser diferente, é possível olhar para o transporte aéreo, onde as empresas recebem a concessão do poder público – o governo federal – para oferecer linhas de conexões das cidades por avião. Por que isso não pode acontecer dentro da cidade nos municípios de Santa Catarina com o transporte rodoviário, de ônibus, coletivo?

Continua depois da publicidade

A entidade avalia que a ampliação da concorrência é necessária, mas já não existe há alguns anos, devido ao modelo equivocado de concessão.

— As empresas estão hoje operando a partir de um acordo feito entre Ministério Público, governo do estado e as companhias, porém dentro desse acordo, esperam um prazo para implantar sistemas para descobrir uma tarifa ideal. Não precisa disso, a tarifa ideal é alcançada a partir da demanda dos clientes – pondera, citando o preço de equilíbrio alcançado pela oferta e demanda.

Dessa forma, se não existir demanda, mas o poder público quiser contemplar uma linha na região, a gestão poderia abrir uma licitação específica para aquela linha e, assim, as empresas poderiam competir. Se não houver muitos interessados, o preço fica mais elevado para um destino específico. Mas, onde houver grande demanda, não haveria necessidade de ter exclusividade de um único grupo ou empresa em operação. Isso, segundo a Acif, encarece o serviço para o consumidor e o custo das empresas que contratam o transporte coletivo para os seus colaboradores.

Diálogo com a comunidade participativa

A entidade tem sido parceira da população em demonstrar protagonismo para tratar dessa temática, visando desenhar um novo modelo de transporte coletivo municipal e intermunicipal para a capital catarinense.

Continua depois da publicidade

Com isso em mente, a Acif levou o tema para a comunidade e vai trabalhar em conjunto para que haja uma mudança de entendimento do poder público. Durante o mês de julho, o presidente se reuniu com representantes do Conselho Metropolitano para o Desenvolvimento da Grande Florianópolis (Comdes) para debater essa temática, tendo em vista a importância das decisões do conselho para o município. O coordenador do Comdes, Antônio Marius Zuccarelli, acredita que o assunto é de extrema importância.

— Este é um assunto muito frequente em nossas reuniões. Agradecemos o interesse da ACIF em trazer o tema e se disponibilizar para participar deste processo de forma integrada, para que possamos pensar e trabalhar juntos nas melhores soluções — conclui.

Fique por dentro das ações realizadas pela ACIF no site www.acif.org.br

Leia também

Tudo o que você precisa para construir uma marca Top of Mind

Saiba como vender mais e perder menos dinheiro na sua empresa

Dicas para começar um negócio com o pé direito