As causas do acidente que matou dois passageiros de um avião entre Garuva e Itapoá, no Norte de Santa Catarina, ainda estão sendo investigadas e trazem dúvidas, inclusive, para especialistas da área. A aeronave foi encontrada na madrugada desta terça-feira (4), na qual estavam Antônio Augusto Castro e Geraldo Claudio de Assis Lima, sendo o passageiro e o piloto, respectivamente.
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De acordo com Rafael Cuenca, professor de engenharia aeroespacial na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), ainda não é possível afirmar especificamente o que causou a queda do avião. Porém, ele cita que, conforme o modelo da aeronave, o avião tem capacidade de transportar até seis pessoas em viagens de 1,3 mil a 1,7 mil quilômetros de distância, ou seja, suficiente para o trajeto previsto da dupla, que fica em torno de 1,5 mil quilômetros.
— Tranquilamente faria esse trajeto, em linha reta, de Governador Valadares até Florianópolis. Óbvio que isso vai depender da configuração de decolagem, quanto de carga ela estava carregando e quantidade de combustível, por exemplo — explica.
Fotos da vítimas e do acidente com avião em SC
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Além disso, conforme o especialista, o método de serviço da aeronave, modelo Beech Aircraft, de 1982, vai até 6 mil metros de altitude, acima do nível do mar, sendo que a maioria das montanhas do Brasil estão abaixo de 1,5 mil metros.
— Essa aeronave tem a capacidade de voar muito mais alto do que o relevo da região, porém, se ela tava voando mais baixo, depende de visibilidade e capacidade de subida para desviar — reflete.
Rafael ainda ressalta que o modelo Beech Aircraft tem um histórico de segurança bom, com baixos registros de acidentes causados por culpa do avião.
— É necessário evitar conclusões ou até mesmo apontar culpados. Que se espere as investigações aéreas definirem o que aconteceu — finaliza.
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O acidente
O avião partiu de Governador Valadares (MG) com destino a Florianópolis quando caiu na noite de segunda-feira (3), pouco depois das 17h. A aeronave foi encontrada destruída em uma área de mata próxima da SC-416, entre Garuva e Itapoá, no Norte de Santa Catarina.
De acordo com informações da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o avião é da empresa Conserva de Estradas, era um modelo Beech Aircraft de 1982, realizava serviços aéreo privado e estava com o Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) regularizado, com vencimento apenas para 2025.
Nesta manhã de terça-feira (4), foram deslocadas equipes dos bombeiros, Defesa Civil e um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para atuar na ocorrência.
Como foram feitas as buscas pelo avião
Além do Corpo de Bombeiros Militar, a Força Aérea Brasileira (FAB) também atuou nas buscas pelo avião mineiro. Foram usadas as aeronaves SC-105 Amazonas e H-36 Caracal.
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A SC-105 Amazonas possui um radar capaz de realizar buscas sobre terra ou mar, com alcance de até 360 quilômetros. Um sistema de comunicação via satélite também permite o contato com outras aeronaves ou centros de coordenação de salvamento (Salvaero), mesmo em voos a baixa altura.
A aeronave ainda conta com um sistema eletro-óptico de busca por imagem e por espectro infravermelho. Isso permite realizar buscas pelo calor, permitindo detectar, por exemplo, uma aeronave encoberta pela vegetação ou uma pessoa no mar.
Já a H-36 Caracal é conhecida por sua adaptabilidade em diferentes cenários operacionais. Sua ampla cabine permite acomodar cargas variadas, desde equipamentos até suprimentos médicos. Essa flexibilidade possibilita que o helicóptero seja utilizado em uma ampla gama de missões, incluindo Evacuações Aeromédicas, resgate em áreas remotas e desdobramento de tropas em zonas de conflito.
Investigações
Uma equipe de investigadores do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) deve investigar o que ocasionou a queda de um avião bimotor entre Garuva e Itapoá, no Norte de Santa Catarina, na noite de segunda-feira (3).
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Em nota, o Cenipa, órgão central do Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SIpaer), localizado em Brasília (DF), afirmou que os investigadores foram acionados para realizar a ação inicial da ocorrência envolvendo a aeronave.
“Na Ação Inicial são utilizadas técnicas específicas, conduzidas por pessoal qualificado e credenciado que realiza a coleta e a confirmação de dados, a preservação dos elementos, a verificação inicial de danos causados à aeronave, ou pela aeronave, e o levantamento de outras informações necessárias à investigação”, complementa a nota.
O Cenipa, ainda, frisou ainda que o posicionamento do órgão se dá somente a partir do fim das investigações, já que o objetivo, segundo eles, é de prevenir que novos acidentes com características semelhantes ocorram.
“A conclusão da investigação terá o menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade da ocorrência e, ainda, da necessidade de descobrir os possíveis fatores contribuintes”, afirmou o Cenipa.
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