“Beleza, beleza, com dinheiro ou sem dinheiro a Mocidade vai desfilar no Carnaval…”. É mais ou menos por aí, na alegria e na vontade acima de qualquer tipo de incentivo, que o desfile da única escola de samba de Blumenau acontece. Como diz esse trecho do samba-enredo da Mocidade Unidos do Bairro Salto do Norte, com ou sem grana esse grupo de apaixonados por Carnaval vai tentar fazer uma festa em fevereiro na cidade em que a folia é em outubro.
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Dois pequenos carros alegóricos, um carro de som e uma bateria acompanhada por moradores do bairro em fantasias formam o desfile da Mocidade, que é organizado por um grupo de 15 pessoas e acompanhado por moradores ou curiosos em todo o seu trajeto de mais de um quilômetro pela Rua Johann Sachse. “Abre a porta ou a janela, escancara a cortina” pede outro trecho do samba entoado, que convoca todos os moradores que levam mesas e cadeiras para a calçada assistir ao bloco passar.
– Eu sempre assistia a escola passar aqui na rua e queria participar, eu gosto muito do Carnaval. Esse ano me convidaram e aceitei na hora – diz, aos sorrisos, o mestre-sala da escola Ande Júnior, enquanto mostra o sapato dourado e os detalhes na roupa feitos por ele mesmo nas últimas semanas.
O Carnaval do Salto do Norte é um evento incrivelmente democrático. O desfile vai passando e quem quer se juntar ao meio do bloco pode chegar à vontade. Quer se fantasiar? Na carroceria do caminhão algumas fantasias que sobraram estão à disposição. Um grupo de jovens distribui água de graça aos foliões e um palhaço carregando uma carrocinha pede contribuições aos moradores para bancar os gastos da escola de samba. É uma verdadeira união da comunidade do Salto do Norte que ri, dança desengonçadamente e combina entre si: “vamos montar um bloquinho ano que vem?”.
Marcado inicialmente para as 16h, o desfile começou às 17h e seguiu por mais de uma hora no trecho combinado, com apoio de várias viaturas da Guarda de Trânsito e da Polícia Militar, que controlaram o trânsito e deixaram passar apenas alguns carros e ônibus. Passado o grupo da escola, ficou o clima de festa na rua com os moradores em frente às casas quase que numa espécie de stammtisch banhado à purpurina e samba.
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