A Mocidade Independente de Padre Miguel abre a segunda noite de desfiles do Carnaval carioca como mais uma escola a citar os 200 anos da vinda da Família Real ao Brasil, informa o site G1. A agremiação, que começou seu desfile às 21h10min, decidiu abarcar em seu enredo toda a história do império português. O personagem principal não é Dom João VI, mas Dom Sebastião, monarca português do século 12 que sonhou em transformar sua nação no quinto império universal, ao lado de outras quatro potências da época: Pérsia, Babilônia, Grécia e Roma.
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A rainha de bateria é Thatiana Pagung, que também é presidente da escola-mirim Estrelinha da Mocidade. Além de chamar a atenção pela beleza, a jovem é pesquisadora do Carnaval. A comissão de frente representa Dom João VI, Carlota Joaquina e a rainha-mãe Maria, a Louca, num passeio pelas ruas da Rio de Janeiro de 1808 e é uma das apostas da Mocidade para agradar ao público. São cerca de 4,5 mil componentes, divididos em 34 alas e sete carros alegóricos.
No ano passado, a escola ficou em 11º lugar, com o enredo O futuro do pretérito: uma história feita à mão, sobre o artesanato brasileiro, e quase foi rebaixada para o Grupo de Acesso A.
Enredo
Apesar do símbolo da escola ser a estrela, neste ano, as coroas marcam o desfile. Dos mais diferentes tamanhos e cores, elas ajudam o carnavalesco Cid Carvalho a dar a pompa e a circunstância necessárias ao enredo O Quinto Império: de Portugal a Brasil, uma utopia na história. O abre-alas mostra o nascimento mítico de Portugal, com gigantes sustentando a cruz de Malta e a coroa portuguesa. Dom Sebastião surge no enredo a partir do segundo setor do desfile. A alegoria em questão retrata os festejos para o nascimento do escolhido para levar adiante a utopia de Portugal.
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Mal nasceu e ele já desaparece no terceiro setor da escola, que retrata a batalha de Alcácer-Quibir, no Marrocos. O rei teria perdido a guerra entre mouros e cristãos, representada no carro por dois imensos cavalos. A chegada de Dom João VI e família ao Brasil acontece mais adiante. A sexta alegoria reproduz o Paço Imperial, localizado no centro do Rio, com uma réplica do Chafariz de Mestre Valentim. Os adereços de flores coloridas servem para lembrar a festa com que a corte portuguesa foi recebida pela cidade.
O sonho do Quinto Império não fica só na capital carioca. No sertão nordestino, Antônio Conselheiro também pregava a volta de Dom Sebastião, em Canudos. Na Sapucaí, ele desce de uma escadaria, construída no oitavo carro da escola, para anunciar o legado do Rei Desejado. Ao lado, mais oito coroas representam as manifestações culturais brasileiras, que ainda evocam Dom Sebastião, como o tambor de Minas e a pajelança cabocla.