Uma turista amazonense diz ter tido os pertences levados pela prefeitura de Florianópolis após ter montado uma barraca de camping à beira da Lagoa da Conceição no último dia 13. Bianca Loreiro, de 29 anos, afirma que, desde então, teve os pedidos de retomada dos bens negados pela gestão municipal e passou até a precisar ter roupas emprestadas para vestir, já sem dinheiro nem documentos.

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Em relato ao Hora, Bianca diz ter chegado à capital catarinense há cerca de dois meses para trabalhar em um hostel na Lagoa em troca de hospedagem, atividade que já faz há dez anos para conseguir viajar também para outros Estados e países, por meio de uma plataforma de trabalho voluntário.

No início de dezembro, no entanto, o dono do local em que ele estava em Florianópolis pediu para que ficasse fora por duas noites, devido à lotação do espaço. Ele decidiu então acampar na Ponta das Almas, uma área verde na margem da Lagoa da Conceição, na noite do dia 12, por já conhecer o local e se sentir segura para isso. Na manhã seguinte, ao voltar de um passeio pela praia, já não encontrou a barraca.

— Cadê minhas coisas? Não tinha mais nada. Imaginei que tinha sido roubada, entrei em desespero. Mas aí uma vizinha do local, que estava em uma casa de veraneio, disse que o pessoal da prefeitura, do DOA [força-tarefa de Defesa, Orientação e Apoio às pessoas em situação de rua], tinha levado, que poderia tentar ir ao Susp [Superintendência de Serviços Públicos] para recuperar — diz.

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Na sede do Susp, Bianca afirma ter conseguido retomar só a barraca, mas não os pertences que estavam dentro. A turista levava até então uma mochila com dinheiro em espécie, documentos e o passaporte em um fundo falso, além de roupas, um colchão inflável, equipamentos de camping e outros objetos que colecionou ao longo das viagens. No local, foi orientada a procurar a Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), onde também não teve sucesso na busca pelos bens pessoais.

— Fui lá duas vezes e não consegui encontrar a assistente social. Depois, quando liguei, a secretária disse que essas operações do DOA costumam ir junto com uma caçamba da Comcap [Companhia de Melhoramentos da Capital] para jogar tudo no lixo. Aí minha pressão baixou, eu fiquei arrasada. Ela sugeriu que eu fosse na Praça XV de Novembro, na base da operação do DOA, para tentar algo.

A mochileira afirma ter ido à sede do DOA já orientada por um advogado para retomar os pertences ou ao menos obter uma declaração formal do órgão de que os bens haviam sido recolhidos. Ela diz não ter tido nenhum dois pedidos acatados e que, desde então, também não é mais atendida por telefone.

Depois de ter registrado um boletim de ocorrência, ela conseguiu um emprego provisório de limpeza em um hostel na Lagoa da Conceição e alugou por R$ 300 um sofá para poder dormir.

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— Não posso ir para lugar algum, não tenho nem documentos. Poderiam ter levados as coisas, mas deveria ir para algum depósito, com tempo para eu fosse buscar. Mesmo que tivesse que pagar uma multa, é um direito ter de volta. Perdi coisas de valor inestimável, que tinha da viagem há seis anos.

A legislação do município prevê, a partir do Códigos de Posturas de Florianópolis, que é proibido armar barracas na cidade sem licença para isso. Ainda estabelece que objetos apreendidos devem ser levados ao depósito da prefeitura e que isso poderá ser sustado mediante o pagamento de multa.

Em breve contato com a reportagem, a prefeitura informou que esse tipo de ação de recolha de materiais na rua é comum, mas ainda prestaria um posicionamento sobre o caso específico da turista.

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