A previsão do tempo chegou cedo e avisou os moradores do Vale do Itajaí que a enchente viria. A experiência em tragédias e a precisão da meteorologia, desta vez, ajudaram a população a retirar móveis, sair de casa e salvar vidas mesmo com a indesejável cheia do Rio Itajaí-Açu. Diferente de 2011, quando o alerta soou 24 horas antes da enchente, a Epagri/Ciram soube da possibilidade de chuvas fortes 10 dias atrás.

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À medida que a previsão foi se confirmando, a Defesa Civil do Estado foi avisada e tratou de agir. Depois, usou a internet para propagar o alerta à população. O coordenador de Meteorologia da Epagri/Ciram, Clóvis Corrêa explica que o planejamento e a organização antecipados auxiliaram na hora da cheia:

– Em 2011, foi muito em cima. Agora, soubemos bem antes e monitoramos a situação detalhadamente. Antes mesmo de avisar a população, acionamos a Defesa Civil para que ela se preparasse. Logo veio o aviso à sociedade em geral. O que nos ajudou foi que as condições do sistema meteorológico agora são diferentes, melhores e mais atualizadas.

Graças a isso, o meteorologista do Grupo RBS, Leandro Puchalski alertou telespectadores e seguidores das redes sociais sobre a vinda das fortes chuvas com uma semana de antecedência. Em Blumenau, quem circulou pela Rua VX de Novembro sábado de manhã, quando o nível do Rio Itajaí-Açu estava na casa de 5m, viu caminhões estacionados.

Desta vez, não era para trazer novidades e, sim, para retirar e proteger o que tinha mais valor. Sexta-feira à tarde, comerciantes ressabiados pela desgraça de dois anos atrás esvaziaram lojas do Centro de Rio do Sul. Moradores, como Márcio Roberto Silge, também correram em busca de proteção. Desde 1983, ele tem a casa atingida pela água, no Bairro Laranjeiras. Porém, agora, o prejuízo foi menor.

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Esvaziamento das barragens contribuiu

Embora o imóvel continue em área alagada – a cota da rua é de 9 metros -, os móveis estão em um abrigo seguro, longe da lama. Enquanto não pode voltar para o lar, ele é um dos 44 moradores da cidade abrigados na Igreja São José, no mesmo bairro. Silge diz que isso só foi possível graças ao alerta antecipado da Defesa Civil:

– Eles estão de parabéns, pois sexta-feira já fomos alertados. Isso ajuda muito e evita prejuízos maiores.

Segundo o coordenador regional da Defesa Civil no Alto Vale do Itajaí, James Rides da Silva, desde sexta-feira foi dado alerta à população sobre uma possível enchente:

– Percebemos que, ao contrário de 2011, quando muitos duvidaram da previsão, desta vez o pedido foi acatado e as pessoas têm colaborado mais. Além de proteger móveis, a antecipação pode ter salvado vidas.

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O secretário estadual da Defesa Civil, Milton Hobus, conta que foi feito o escoamento das três barragens da região (José Boiteux, Taió e Ituporanga) quinta-feira. A água da chuva só começou a se acumular sexta-feira. A estratégia protegeu cidades, como Taió, e postergou a elevação do nível do rio. Com isso, a marca de 11 metros só foi alcançada em Rio do Sul domingo à noite. Se as barragens não tivesse sido esvaziadas, esta marca poderia ter sido alcançada ainda domingo de manhã.