Ao invés de enfrentar congestionamento, ir trabalhar a pé ou de bicicleta. Se a distância for mais longa, pegar um ônibus em um sistema rápido. É dessa forma, com um perfil de mobilidade urbana menos individualista e poluente, que as entidades sociais e especialistas da área esperam ver o trânsito de Florianópolis.

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Mas para fazer os moradores deixarem seus carros em casa, a cidade precisa oferecer condições. Os representantes do movimento e pesquisadores acreditam que seria preciso descentralizar os serviços básicos, como saúde, educação e oferta de trabalho pelas regiões do município, ao invés de focalizar no Centro da Capital. Assim, boa parte das pessoas poderia fazer seus trajetos a pé ou de bicicleta.

O professor da UFSC e coordenador da Câmara de Mobilidade do Fórum da Cidade, Werner Kraus, observa que o ideal é que as pessoas não precisem utilizar transportes motorizados. Isso seria a mobilidade 100% sustentável.

Conforme Kraus, nunca seria possível obter esse marco, mas deve ser uma aspiração que oriente políticas de zoneamento e desenvolvimento urbano.

Para reduzir o valor da tarifa, o serviço deveria ser público

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Como a descentralização de serviços é algo para longo prazo, e como cada região tem suas vocações de atividades, as longas distâncias também precisam ser repensadas.

Um dos desafios do novo prefeito é investir em transporte de massa mais rápidos e com preços acessíveis para os acessos mais longos. É algo que melhoraria a vida dos cerca de 59 mil pessoas que dispendem mais de meia hora por dia para ir ao trabalho na cidade, conforme o Censo 2010.

Kraus acredita que a primeira ação para melhorar a mobilidade seria investir nos BRT (sistema rápido de transporte por ônibus), com canaletas exclusivas nas principais rotas da cidade, como Ilha-Continente. Hoje, as duas pontes em uso estão saturadas. Nelas passam por dia 178 mil veículos, enquanto foram projetadas para receber 80 mil.

Para diminuir o preço da tarifa, o estudioso defende que o sistema deveria ser operacionalizado pelo poder público para não precisar servir a lógica de mercado e com maior subsídio – hoje é de R$ 0,27, 10% do valor do cartão.

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Para o presidente da Comissão de Mobilidade Urbana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de SC, Fernando Rossa, os problemas de deslocamentos só serão superados com a oferta de mais e melhores modais de transporte.

– Acredito que devemos ter mais opções para nos deslocarmos pela cidade, para desestimular o uso do automóvel no dia a dia, como corredores de ônibus ligando centralidades e mais e melhores veículos, transporte marítimo, ciclovias e sistema de bicicletas públicas, melhores calçadas e faixas de pedestres – defende.

Confira os desafios: