A farmacêutica Hilariana Vieira da Rocha, 54 anos, é o exemplo de pessoa que se locomove de forma mais humanizada. Ela prefere andar de bicicleta para ter um contato próximo com a cidade, ao invés do carro, que geralmente fica na garagem.
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Na contramão da tendência motorizada, Hila, como é conhecida, tem duas bikes – uma para viagem e uma para usar na cidade – e só tira o automóvel de casa quando precisa carregar algo. Quando chove, vai de ônibus.
Todos os dias, Hila sai de seu apartamento, no Bairro Trindade, e faz o percurso de três quilômetros até o Hospital Infantil Joana de Gusmão, onde trabalha. Além de garantir uma vida mais saudável, economiza na passagem. Hoje o valor é de R$ 2,70 para cartão, R$ 2,90 em dinheiro e R$ 6 o executivo.
Sem ciclofaixas ou ciclovias no trajeto entre as ruas Lauro Linhares e Rui Barbosa, Hila disputa o espaço com os carros. E os motoristas não costumam cumprir o Código de Trânsito Brasileiro. A lei determina que o condutor do veículo reduza a velocidade ao se aproximar de uma bicicleta e mantenha uma distância lateral de 1,5 metro. Da mesma forma, os ciclistas têm responsabilidade, como não andar na contramão.
Florianópolis tem somente 41 quilômetros de ciclovias
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Hila encara o ciclismo como um estilo de vida. Ela é diretora financeira da Viaciclo, associação que luta por melhorar as condições de mobilidade dos usuários de bicicleta na Grande Florianópolis. Pedala desde criança, mas faz 10 anos que começou a pegar a bike para valer.
– Percebi que seria divertido ir trabalhar de bicicleta. Considero um instrumento de manifesto, que mostra uma visão ecológica, de respeito ao ser humano pelo o que ele é e não pelo veículo que usa – acredita.
Para Hila, a cidade precisa de mais investimentos em ciclovias e ciclofaixas. Conforme a Viaciclo, hoje são apenas 41 quilômetros de vias ciclísticas – quatro vezes menor que a do Rio de Janeiro -, em uma malha desconectada. Ela defende a integração com o transporte coletivo, com criação de estacionamentos para bikes nos terminais e outros locais. São melhorias que poderiam ajudar a aumentar o número de ciclistas na cidade.
Atualmente, cerca de 3,5 mil se deslocam com suas bicicletas. Esse índice já faz a diferença. Se for levado em conta que há um carro para cada 1,54 pessoa, representa cerca de 2 mil automóveis a menos.
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