Cidades modernas e desenvolvidas já investem em meios de transporte não-tradicionais para facilitar a mobilidade urbana há algumas décadas. São vários exemplos de lugares de todo o mundo, mas também há municípios brasileiros que buscam outras alternativas de modais, como é o caso de Porto Alegre com o aeromóvel e o Rio de Janeiro com o veículo leve sobre trilhos (VLT). Os dois investimentos foram realizados para a Copa do Mundo, que foi disputada nas duas cidades, e até hoje são usados pela população.

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O modelo usado na capital gaúcha é uma tecnologia desenvolvida no Rio Grande do Sul. O sistema tem como base a engenharia aeroespacial, sendo movido a ar comprimido. O aeromóvel tem uma espécie de vela que fica embaixo do veículo que serve para fazer o transporte se movimentar em uma linha de aproximadamente um quilômetro que liga o aeroporto Salgado Filho até uma estação de trem. Foi um investimento de pouco mais de R$ 30 milhões.

– As vantagens do aeromóvel é ele ser elevado, ou seja, não tem conflito com os outros modos de transporte e isso garante sua fidelidade aos horários, a velocidade constante que pode chegar a até 70 quilômetros por hora, e segurança aos passageiros. Ele também requer energia elétrica apenas para ativar o compressor, o que se torna um custo irrisório de centavos por passageiro. Então, a operação é muito barata – explica Simone Becker Lopes, doutora em Planejamento de Transportes e Mobilidade e professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) de Joinville.

Aeromóvel seria ideal para regiões onde há alagamentos na cidade
Aeromóvel seria ideal para regiões onde há alagamentos na cidade (Foto: Marco Prass/Divulgação)

Diferentemente de outros veículos que carregam o seu motor e são mais pesados, o aeromóvel também é um veículo muito leve. Com isso, ele necessita de uma infraestrutura muito leve e esbelta. A implantação requer estruturas pré-moldadas, ocupando um pequeno espaço da via e sem precisar de desapropriações ou grandes ocupações de espaço.

– Dentro da construção do aeromóvel já está embutido o custo dos veículos. Quando a gente fala de construir um corredor de ônibus, por exemplo, não estamos considerando o veículo. Tem a manutenção da via do transporte público que precisa ser mantida e esse custo elevado vai para o poder público. Então, o custo benefício do aeromóvel acaba sendo mais barato – garante a especialista.

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VLT em operação no Rio de Janeiro
VLT em operação no Rio de Janeiro (Foto: VLT Rio/Divulgação)

VLT é um veículo mais leve do que os ônibus

No caso do Rio de Janeiro, o VLT opera em duas linhas que saem do mesmo ponto. Uma delas vai até o aeroporto Santos Dumont e a outra até a praça XV, contando com 26 paradas/estações ao longo do percurso. Atualmente, as duas linhas. do VLT no Rio de Janeiro saem da Praia Formosa, próximo à Rodoviária, sendo a linha 1 com destino ao Santos Dumont e a linha 2 à Praça XV.

Este meio de transporte é parecido com os antigos bondes usados nas grandes cidades – inclusive em Joinville – até a primeira metade do século 20, mas com novas tecnologias que garantem menos ruídos e mais conforto.

Ele é mais leve do que o ônibus, causando menos impacto ao trafegar na cidade e convivendo melhor com os outros meios de transporte. O investimento total foi de pouco mais de R$ 1 bilhão, com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e de parceria público-privada com a Prefeitura do Rio de Janeiro.

Sistema de BRT em Curitiba
Sistema de BRT em Curitiba (Foto: Cesar Brustolin/Prefeitura de Curitiba)

Primeiro passo é o planejamento

Segundo Simone, qualquer uma dessas opções poderia se encaixar na realidade de Joinville. No entanto, é preciso realizar estudos e fazer um planejamento para entender onde elas seriam mais eficazes. Uma das questões apontadas pela especialista é a situação das regiões que costumam sofrer com a ocorrência de alagamentos, como o centro da cidade.

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– Acho que em uma região onde a gente tem propensão de cheias não é bom ter um VLT. Assim como não é bom ter o ônibus porque no Centro, a toda hora temos o terminal interditado por causa das cheias. Nesse caso, será que o aeromóvel não seria bom, já que ele é elevado?

A professora destaca que o BRT (sigla do termo em inglês “bus rapid transit”), sistema que garante maior prioridade e mais qualidade ao transporte público, também poderia ser uma alternativa para Joinville. Porém, o modelo precisa de um espaço exclusivo para o ônibus, que poderia exigir desapropriações para viabilizar a construção da infraestrutura. Simone salienta ainda o papel importante dos meios que garantem a microacessibilidade para melhorar a mobilidade da cidade.

– Apesar dos morros, Joinville é praticamente toda plana. Temos o nome de “Cidade das Bicicletas”, e investir nesses modos mais ativos, como patinetes e bicicleta elétrica, é importante. Inclusive, no compartilhamento desses modos. Só que é preciso garantir uma rede viária e uma estrutura adequada para que se tenha segurança.

Além disso, ela destaca também que esses modos precisam ser integrados ao transporte público, como o ônibus e outros modos que possam ser incorporados pela cidade no futuro. Para isso, é necessário ter mais estações, estacionamentos para bicicletas e uma rede viária conectada.

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Confira as próximas reportagens:

Segunda-feira

Transporte multimodal e integração de transportes

Terça-feira

Prioridade para as bicicletas

Quarta-feira

Confiabilidade no transporte público

Quinta-feira

Alternativas para novos meios de transporte

Sexta-feira

Ações para o futuro da mobilidade em Joinville

Sábado

Teste de mobilidade

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