Na época da Páscoa, lojas e supermercados se enchem de ovos de chocolate, dos mais diversos tamanhos, cores e sabores. Um apelo irresistível. Para os adultos, talvez essa seja a mais evidente relação com a proximidade da data. Para as crianças, porém, o período tem um significado mais emblemático, durante o qual elas exercitam a imaginação envolvendo um dos mitos mais carismáticos: o Coelho da Páscoa.

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Professora da Educação Infantil do Colégio Marista Champagnat, de Porto Alegre, Kátia Machado conta que, em aula, busca trabalhar com seus alunos, de quatro e cinco anos, questões relacionadas à história religiosa, onde Jesus Cristo é o personagem principal, mas também desenvolve atividades lúdicas. Na escola, os estudantes fazem brincadeiras, como a caça ao coelho e a construção de toca, cantam músicas, confeccionam cartões para a família e escrevem uma carta ao animalzinho que dá chocolates, mas mais do que isso é um símbolo do bem. O momento é propício para desenvolver não só a criatividade ou a motricidade, mas também ações enfatizando a generosidade e a solidariedade.

– O mais legal é trabalhar a questão da amizade, de pensar no outro. É algo que a gente vai cultivando desde pequeno – afirma Kátia.

Eluza Nardino Enck, psicóloga e psicanalista, lembra que a crença nas histórias de mitos, como o Coelho da Páscoa, vai dando ferramentas para que a criança estabeleça seus critérios do que é bom e do que é mau, construindo a visão de mundo de cada um. Ela aconselha os pais a viverem o momento com os filhos e acompanharem os questionamentos quando começarem a surgir as dúvidas sobre quem leva as guloseimas para casa:

– Quando a criança começa a questionar, é porque algo não a está convencendo muito. No momento que ela diz que não existe, os pais não tem de dizer que existe. Faz parte da infância – ressalta.

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A pedagoga e psicopedagoga Lisandra Pioner salienta que a Páscoa é interessante por, entre outras razões, estar muito relacionada à questão da compensação. Aqueles que são filhos comportados, alunos dedicados, seres humanos que praticam boas ações recebem reconhecimento em datas como essa. Além de elogios e do carinho de parte da família e dos professores, as guloseimas sinalizariam à criança que o caminho que está sendo seguido é o certo.

– Se a criança, lá pelos sete anos, não acredita que será recompensada pelos seus bons atos, ela não vai se esforçar para ser boa. E, provavelmente, como adulto, ela não acreditará no reconhecimento – conclui a especialista.