O desabastecimento de vacinas contra o coronavírus para a aplicação da segunda dose em alguns Estados trouxe à tona a necessidade de se pensar em uma nova estratégia de imunização. A mistura de doses de diferentes fabricantes, foi a opção encontrada para completar o esquema vacinal da população, sem atrasos ou prejuízos. 

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A ação, que permite tomar a primeira dose de uma vacina e a segunda, de outra, foi autorizada pelo Ministério da Saúde na última segunda-feira (13). 

A primeira cidade a colocar em prática o novo plano foi São Paulo, que aplicou vacinas da Pfizer em pessoas que tinham iniciado a imunização com a AstraZeneca.

Quem aceitou a aplicação, no entanto, precisou assinar um “termo de intercambialidade”, como é chamada a miscigenação das vacinas.

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Segundo matérias publicadas por portais da capital paulista, houve grande adesão, porém, também teve quem optou por não aceitar, por medo de que os imunizantes não funcionem bem juntos.

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Pesquisas recentes demonstraram que a mistura de imunizantes é segura, embora alguns especialistas afirmem que a intercambialidade só deve ocorrer se houver necessidade, como em São Paulo, que enfrenta atraso no calendário de imunização por falta de vacinas.

Responsável pelo projeto Brasil Sem Alergia, o imunologista Marcelo Bossois, disse ao UOL que o ideal, quando houver mistura de imunizantes, é que se utilizem vacinas com tecnologias iguais:

– No caso da AstraZeneca, a melhor opção seria a Janssen, pois ambas carregam o vírus ‘vivo’. Contudo, colocando na balança os riscos e benefícios, corroborados com os estudos científicos já publicados, isso realmente nos dá segurança de fazer isso [misturar] e acabar logo com a pandemia.

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À Folha de São Paulo, o médico sanitarista e especialista em Saúde Pública da São Camilo, Sérgio Zanetta, disse que a medida é correta do ponto de vista científico e que a pessoa que tomar doses de diferentes fabricantes estará, no mínimo, imunizada.

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Outros médicos também ouvidos pela Folha, afirmaram que além de necessária para completar o esquema vacinal, a medida pode até potencializar a resposta imunológica.

– Um estudo recente mostrou que a resposta de anticorpos neutralizantes foi muito maior com a vacinação alternada, o que mostra que a mistura da vacina não só foi positiva como foi melhor – afirmou Camila Sacchelli, imunologista e especialista em doenças infecciosas e parasitárias do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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Indicada para o reforço em idosos e pessoas com comorbidades, a vacina da Pfizer – de RNA – é a que melhor complementa as tecnologias usadas tanto para a Oxford como para a Coronavac, que usam vetores virais, segundo a diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) explicou ao Matrópoles.

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Um estudo recente do Reino Unido, publicado em janeiro deste ano na revista científica The Lancet, indicou que a mistura é segura. Participaram da pesquisa 830 voluntários com idades acima de 50 anos.

Para essa conclusão, os cientistas analisaram pessoas que tomaram as duas doses do mesmo fabricante e outras que finalizaram a imunização com doses diferentes, da AstraZeneca e Pfizer, em um intervalo de quatro semanas entre as duas.

Os pesquisadores do Reino Unido chegaram à conclusão de que aqueles que misturaram as vacinas, se contaminados, desenvolveram sintomas leves a moderados. A resposta imunológica foi melhor neste grupo do que entre pessoas que tomaram as doses do mesmo fabricante.

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Em Santa Catarina não há qualquer orientação para intercambialidade, segundo a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive-SC). Isso porque o Estado consegue cumprir, neste momento, a aplicação da segunda dose integralmente, sem atrasos.

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Na terça-feira (14), Florianópolis chegou a anunciar a ampliação de prazo para a segunda aplicação da fabricante AstraZeneca, por causa de atrasos no envio de vacinas pelo Ministério da Saúde.

Na prática, a mudança não representa prejuízo ao público, porque aumenta o intervalo entre as doses em apenas duas semanas. Assim, quem completaria o esquema vacinal depois de 10 semanas da primeira aplicação, agora terá que aguardar completarem 12 semanas. O Estado orienta completar a imunização 10 a 12 semanas depois da primeira dose.

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