A ordem de serviço para a reforma da rodoviária de Joinville, a Estação Rodoviária Harold Nielson, foi dada na manhã desta terça-feira (5) e marca a contagem regressiva de um ano para a execução das obras estruturais no terminal. Com a confirmação do aporte de cerca de R$ 2,4 milhões e contratação da empresa responsável pelos trabalhos, a notícia é celebrada por funcionários e usuários, mas também preocupa com o fim do estacionamento da unidade. No geral, a expectativa é de que a revitalização do prédio, no bairro Anita Garibaldi, melhore a imagem de Joinville, à primeira vista, para quem chega à cidade por meio do seu principal terminal rodoviário.
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Inaugurado há pouco mais de 40 anos, o espaço é alugado e administrado pela Secretaria de Infraestrutura Urbana (Seinfra), mas de posse do Instituto de Previdência Social dos Servidores Públicos do Município de Joinville (Ipreville), que vai custear a obra. O estabelecimento não passava por uma grande reforma desde 2001 e atualmente exibe problemas estéticos, de fiação elétrica, encanamento e de estrutura, que devem ser corrigidos ao longo do ano.
— Estão programadas a modificação do estacionamento, a troca do telhado e do piso, e melhorias nas paredes e nas rampas de acesso. Além disso, há todo um projeto novo das instalações elétricas, hidráulicas e de saneamento — revela Saliba Nasser Neto, gerente da rodoviária.
Ele considera ainda que a revitalização atende a uma demanda da própria sociedade joinvilense, uma vez que atualmente são cerca de 1,7 mil pessoas que utilizam o terminal diariamente para embarques e desembarques.
— Vejo (a reforma) como um fato extremamente positivo, porque convenhamos as instalações elas são muito antigas, sofreram muita pouca intervenção, e elas estavam muito aquém não só dos nossos visitantes quanto da nossa própria comunidade. Ela realmente era carente já há muito tempo, e a reforma é uma coisa que a gente vem estudando também há muito tempo, e agora finalmente se conseguiu isso para que alguém que adentre a cidade tenha uma visão melhor e mais positiva daqui — ressalta.
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A previsão é de que as obras, guiadas pela Sinercon Construtora e Incorporadora, tenham início entre esta terça ou quarta-feira no pátio que abrigava o estacionamento, que foi esvaziado e está fechado desde a última quinta-feira. No local, o diretor administrativo do Ipreville, Luiz Carlos Januário, informou que a cobertura de metal será retirada, assim como a pavimentação em paver. Haverá ainda trabalhos de drenagem e terraplanagem e, depois do fim dessa etapa, a manutenção passará a ocorrer no prédio principal.
Surpresa e otimismo
Para quem utiliza a rodoviária de Joinville, a necessidade de melhorias é visível e a informação de que finalmente a reforma sairá do papel causou surpresa e otimismo. “Tenho feito a ponte Joinville e Curitiba e a rodoviária daqui, do jeito que está, não tem nem comparação com a de lá. É preciso melhorar bastante porque a infraestrutura é zero, e não sei se a quantia é suficiente para reformar tudo o que precisa, mas é um investimento necessário até para a imagem da cidade”, opina Marcos Rech, residente no município.
Já Thais Brito, empregada em um dos comércios do piso superior do terminal, espera que a reforma traga modernização à estrutura da estação. Venezuelana, ela mudou para Joinville há três meses, e conta que se impressionou com as condições do edifício.
— Quem chega na rodoviária percebe que há muitos anos ela não recebe manutenção, se vê pelo piso, pelas paredes. Então essa reforma será boa, e que melhore toda a estrutura. Uma das mudanças que vejo como necessária é botar uma estrutura para que as pessoas possam carregar seus celulares. Por se tratar de uma rodoviária esse é um serviço necessário e não há — sugere.
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Conforme a gestão da rodoviária, a versão final do projeto de reforma ainda não chegou às mãos da administração, mas é esperada a instalação de tomadas específicas para o carregamento de aparelhos móveis. “Particularmente espero que isso seja contemplado, porque uma tomada que é utilizada para muita coisa, ela depois acaba trazendo problemas como a queima dos celulares, e o incômodo é muito grande. Só que isso tem acontecido, em via de regra, nos locais onde não há tomadas específicas”, reforça.
Fim do estacionamento preocupa
As mudanças, no entanto, prometem trazer alguns transtornos enquanto as obras acontecem, mas de acordo com a administração, as mudanças foram pensadas em etapas para reduzir os impactos tanto para usuários quanto para quem trabalha no local.
Uma das necessidades foi o fechamento do estacionamento, que era cobrado, e agora inexiste e faz com que as pessoas tenham que estacionar na rua ou ocupar uma das vagas rotativas de embarque e desembarque, pelo tempo máximo de 15 minutos.
Com essa novidade, o cidadão que pretende deixar o veículo nas imediações do terminal para viajar, deverá mantê-lo na rua por sua inteira responsabilidade. “Com o fechamento do estacionamento essa responsabilidade não é mais da rodoviária. Todos os carros foram retirados daquela área e, a partir de agora, vamos pensar depois que a reforma terminar se vamos reativá-lo ou não e, se retirarmos, em que modelo de gestão (vai funcionar)”, justifica Saliba Nasser Neto.
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A medida, porém, pegou usuários do espaço de surpresa. De acordo com mensalistas, o encerramento das atividades foi abrupta e muitos não tiveram tempo de pensar em alternativas de onde deixar o carro enquanto trabalham ou precisam ocupar o estacionamento.
Marcos Sage conta que a mulher dele, Matilde, era mensalista do estacionamento e ficou sem ter um lugar seguro para deixar o carro. Como ela trabalha em Campo Alegre, utilizava o estacionamento diariamente e foi pega de surpresa com a mudança. A família acredita que a administração poderia, por exemplo, ter disponibilizado outro espaço para quem era mensalista.
— Nós já sabíamos que iria ter a reforma, mas eles poderiam ter avisado com antecedência quando iriam começar os trabalhos até para que procurássemos outro lugar “seguro” para deixar o veículo. Já pensou o aeroporto sem estacionamento? A rodoviária é igual! Têm pessoas que viajam e deixavam seus veículos ali, vão deixar aonde agora? — questiona Marcos.
Osvaldo João Serafim, trabalha como motorista por aplicativo na região e mantinha o carro estacionado na rua ao lado ao terminal nesta terça-feira. Ele também vê dificuldade maior para quem tem que viajar e não tem outro lugar para deixar o carro. Em contrapartida, endossa que os resultados da reforma tendem a trazer renovação nas redondezas.
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— Acho que a reforma deveria começar pelo prédio principal, porque quem precisar viajar e tem que deixar o carro (aqui), agora não vai mais ter essa opção e terá de deixar na rua. Isso traz insegurança para os motoristas. Por outro lado, a reforma vai mudar bastante a realidade da rodoviária e espero que com isso ela passe a ser um local com mais vida — pontua.