Às 21h40min deste sábado aterissou no Aeroporto Hercílio Luz o avião que trouxe de volta para Florianópolis os 10 missionários catarinenses que ficaram presos na Guiné-Bissau. Eles estavam no país quando houve um golpe de estado no dia 12 de abril e desde então buscavam uma maneira de sair do país.

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Veja o momento do reencontro com os parentes:

Leia mais sobre o caso.

Para o pastor Ezequiel Montanha, da Igreja Evangélica Assembleia de Deus, em São José, da qual os missionários fazem parte, passar por essa experiência foi interessante porque eles não chegaram a temer por sua segurança.

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– Foi uma tomada de poder sem violência – analisa.

Segundo o pastor os missionários brasileiros, que foram até a África levar mantimentos e roupas, estavam em carros, a caminho da Igreja em Guiné-Bissau quando perceberam um movimento estranho nas ruas. Alguns carros trafegavam pela contramão e parecia que todos tinham muita pressa para sair do centro da cidade. Os motoristas dos carros acharam melhor levar os brasileiros de volta para o hotel em que estavam hospedados e só no dia seguinte é que eles descobriram que tinha acontecido um golpe de estado.

– O exército prendeu o candidato à presidência que tinha 49% das intenções de voto, o presidente interino e o primeiro ministro, mas a cidade não foi afetada, foi um golpe de estado isolado – acrescenta o pastor.

Mesmo assim, os efeitos do golpe já começavam a ser sentidos pela população.

– É um país sem infraestrutura, sem saneamento básico e o povo está muito empobrecido. Espero que o mundo olhe mais para a Guiné-Bissau porque neste momento eles estão completamente abandonados. Eles não tem nem mesmo a agricultura, só plantam arroz. O resto vêm tudo de fora e as coisas já começavam a escassear no comércio. Nem eletricidade eles têm, tudo é movido a geradores a diesel – afirma Ezequiel.

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Assim como ele, os outros missionários não chegaram a se ver em situações de risco.

– Foi muito tranquilo – afirma Marcos Emanuel da Silva, que reencontrou neste sábado a esposa e três filhos – o único problema foi mesmo o fechamento do espaço aéreo, mas nós nos sentimos muito bem aceitos na Guiné-Bissau. Chegamos a ir até a embaixada brasileira mas eles não deram nenhum sinal de que estavam preocupados nem de que se importavam com a nossa situação lá.

Festa

O reencontro foi particularmente especial para o pastor Janes Almeida e sua filha Grazieli, de seis anos. Ele voltou para casa bem no dia do aniversário da filha. Depois de receber a notícia de que Janes realmente chegaria neste domingo, a família decidiu não cancelar a comemoração. Fizeram festa durante a tarde, interromperam a comemoração do aniversário para ir receber Janes no aeroporto e planejavam voltar para casa e fazer um churrasco.

O cunhado de Janes, Isaac Marcolini, era sem dúvidas o mais animado à espera dos missionários. A toda hora brincava com os sobrinhos, pedia que segurassem os cartazes que levaram, fez com que todos ensaiassem uma frase para o momento da chegada e fez questão que a festa continuasse no aeroporto, saudando a todos os passageiros que saíam pelo hall de desembarque.

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Quando finalmente os 10 missionários saíram juntos pela porta que separa as esteiras de bagagem do hall central do aeroporto, a emoção foi geral. Depois de muitos abraços, lágrimas e alegria, os missionários se deram conta de que tinha terminado o pesadelo.

– Estou muito cansado. Achei que não ia chegar nunca! – brincou Janes, abraçado com a esposa e a caminho da churrasco de aniversário da filha.