Os disparos de quatro mísseis balísticos por parte da Coreia do Norte nesta segunda-feira foram um exercício visando atingir, no caso de necessidade, as bases americanas no Japão, anunciou a agência de imprensa oficial norte-coreana KCNA.
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O líder norte-coreano, Kim Jong-un, ordenou e supervisionou os disparos efetuados por uma unidade de artilharia, cujo objetivo era treinar para “atingir as bases das forças imperialistas americanas de agressão no Japão em caso de necessidade”.
“Os quatro mísseis balísticos, lançados de forma simultânea, foram tão precisos que pareciam quatro corpos voadores em formação”, disse Kim, segundo a agência norte-coreana.
Três mísseis caíram próximos à costa do Japão.
O incidente levou Washington e Tóquio a solicitar uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, que ocorrerá na próxima quarta-feira, segundo a delegação americana.
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O secretário-geral da ONU, Antônio Guterres, condenou os disparos de mísseis balísticos afirmando que “ações como estas violam as resoluções do Conselho de Segurança e minam gravemente a paz e a estabilidade regional”, de acordo com seu porta-voz Farhan Haq.
De acordo com Haq, os disparos constituem uma “contínua violação das resouluções do Conselho de Segurança por parte da República Popular Democrática da Coreia”.
As resoluções da ONU proíbem a Coreia do Norte de utilizar qualquer tipo de míssil balístico. No entanto, seis pacotes sucessivos de sanções impostos a partir de um primeiro teste nuclear norte-coreano, em 2006, não conseguiram dissuadir Pyongyang de avançar com seu programa.
O presidente americano, Donald Trump, e o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, conversaram por telefone sobre os disparos dos mísseis norte-coreanos, revelou um funcionário americano à AFP.
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Abe já havia informado sobre os quatro mísseis, que depois de percorrer por volta de 1.000 quilômetros no sentido leste, três caíram na “Zona Econômica Exclusiva” japonesa, ou seja, a menos de 200 milhas marinhas (370 km) da costa.
“Isso demonstra claramente que a Coreia do Norte atingiu um novo nível de ameaça”, disse Abe, que convocou uma reunião do Conselho Nacional de Segurança.
“Os disparos reiterados da Coreia do Norte são um ato de provocação para nossa segurança e uma violação flagrante das resoluções do Conselho de Segurança da ONU. De modo algum podemos tolerar”.
O departamento americano de Estado condenou “energicamente” o lançamento dos mísseis e advertiu que os Estados Unidos estão prontos para usar “toda a gama de meios” a sua disposição “contra esta crescente ameaça”.
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Kim Jong-Un tenta desenvolver um míssil balístico intercontinental com capacidade de atingir o território dos Estados Unidos, algo que, segundo Trump, “não vai acontecer”.
Tropas sul-coreanas em alerta
No mês passado, Pyongyang lançou um míssil balístico – o primeiro desde outubro de 2016 – que de acordo com Seul tinha como objetivo testar a resposta de Trump.
O presidente americano chamou na ocasião a Coreia do Norte de “grande, grande problema” e afirmou que pretendia dar uma “resposta muito enérgica”.
Washington advertiu em várias oportunidades que não tolerará que a Coreia do Norte produza armamento nuclear. O governo dos Estados Unidos pressiona a China, principal aliado e sócio comercial da Coreia do Norte, a fazer o máximo para controlar o vizinho.
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De acordo com o ministério sul-coreano da Defesa, o alcance dos mísseis lançados nesta segunda-feira era de “quase 1.000 quilômetros”. Seul destacou que as Forças Armadas “estão monitorando de perto o Exército do Norte em previsão a eventuais novas provocações e para que permaneçam alertas do ponto de vista militar”.
O presidente interino sul-coreano, Hwang Kyo-Ahn, afirmou após uma reunião do Conselho de Segurança Nacional que “levando em consideração a brutalidade e imprudência demonstradas com o assassinato de Kim Jong-Nam (meio-irmão do ditador norte-coreano) o que pode acontecer se o Norte conseguir a arma nuclear é algo que supera o imaginável”.
Sistema antimísseis dos EUA
Kyo-Ahn reiterou ser partidário de uma “rápida mobilização” do caro sistema de defesa antimísseis americano THAAD, uma possibilidade que irrita particularmente a China.
Seul e Washington iniciaram na semana passada uma série de exercícios militares conjuntos, o que sempre irrita Pyongyang, que considera as manobras um teste para uma eventual invasão.
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Durante uma visita a um quartel do Exército, Kim Jong-Un ordenou as tropas a preparar medidas capazes de contra-atacar um ataque aéreo do inimigo com “um golpe impiedoso”, anunciou a agência estatal KCNA no dia em que começaram os exercícios “Foal Eagle”.
No ano passado, a Coreia do Norte executou dois testes nucleares, assim como vários lançamentos de mísseis.
Os analistas divergem sobre o estado de desenvolvimento de Pyongyang em termos de armas nucleares, mas todos concordam que o país registrou grandes avanços desde a chegada ao poder de Kim Jong-Un, após a morte de seu pai, Kim Jong-Il, em dezembro de 2011.
Kim Dong-Yup, analista da universidade sul-coreana Kyungnam, considera pouco provável que os quatro mísseis disparados nesta segunda-feira tivessem como objetivo testar uma nova arma.
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“Se estivessem testando um novo míssil, não teriam lançado quatro ao mesmo tempo”, afirmou.
“É altamente provável que tenham lançado um modelo existente de míssil no âmbito de seu treinamento de inverno (hemisfério norte), como resposta aos exercícios militares conjuntos entre Coreia do Sul e Estados Unidos”, completou.
bur-sh/fp/cb/cc/lr