Miss Florianópolis se criou no morro, estuda e trabalha duro para conseguir o que quer

Do alto do Maciço do Morro da Cruz, fazendo pose para as lentes do fotógrafo, a visão da Miss Florianópolis 2013, Elisa Freitas, mais parece uma montagem. As curvas perfeitas e o sorriso contagiante chamam a atenção de todos que passam.

O local com vista privilegiada é familiar para Elisa. Nascida no morro, ela cresceu em meio ao samba. Seu corpo foi moldado subindo as escadarias e ladeiras e dançando no Carnaval.

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Ainda se acostumando com a ideia de ser uma miss, a estudante de Publicidade de 24 anos tenta manter a rotina de trabalho e estudos. Mas não se assuste se estiver andando de ônibus e este mulherão sentar ao seu lado, afinal, como ela diz, nada mudou.

Trabalha desde os seus 14 anos

E para quem pensa que a vida de concursos de beleza é cercada somente de luxo e glamour, Elisa vem provar que a simplicidade também merece ser coroada. A jovem simples foi unanimidade entre o 14 jurados do Miss Florianópolis no início de maio, levando votos de todos.

A estudante trabalha desde os 14 anos. Estudou na Escola Estadual Henrique Stodieck, e logo que terminou o ensino médio começou a cursar a faculdade de Publicidade. Precisou parar por um ano por dificuldades financeiras, mas no fim de 2013 ela pretende concluir a graduação. Já realizou alguns trabalhos como modelo, mas priorizou os estudos a investir na carreira aparentemente mais glamorosa, pois considera muito instável. A necessidade de ter um trabalho fixo para bancar os estudos também pesaram na escolha.

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Foi miss quase por acaso

Chamada para participar do concurso dois dias antes, Elisa topou o desafio, mas não titubeou: era uma segunda-feira, dia de batente. A moça acordou cedo, foi trabalhar, e só avisou que precisaria sair antes do horário para “um compromisso”. Pegou o ônibus e foi direto para o local. Chegando lá, se maquiou e arrumou o cabelo sozinha, enquanto outras candidatas tinham maquiadores e cabeleireiros. Resolveu ligar para a mãe faltando uma hora para o início do desfile.

– Fiquei tranquila e confiante, mas não imaginava que ia ganhar. Quase não vemos misses negras, ainda mais no Sul. Eu nunca tinha participado deste tipo de concurso – explica.

Ela já havia sido Rainha do Carnaval de Florianópolis em 2007, e da sua escola de coração, Embaixada Copa Lord, por três vezes, mas conta que os concursos são bem diferentes. Ela disse ter aprendido muito nesta época com seus padrinhos Adilson Coelho e Jaqueline Aranha, principalmente sobre postura e simpatia.

Caras e bocas na frente do espelho

As caras e poses que você confere neste ensaio, Elisa aprendeu sozinha. Desde pequena, treinava em frente ao espelho, assim como tantas meninas que sonham em ser modelo.

A graça da miss deve ter feito a diferença. O consultor de estilo e comportamento Caio Cavichiolli prepara misses e concursos de beleza há 30 anos. Ele conta que logo que bateu o olho na moça percebeu que ela tinha potencial.

– Ela tem uma elegância natural, além de garra e disposição. É a prova que o dinheiro não traz elegância, mas sim a atitude da pessoa e a capacidade de aprender – diz.

Coroa na cabeça e pés no chão

Um pouco assustada com o assédio desde que foi eleita, Elisa está emocionada com todo o apoio que está recebendo de desconhecidos, além da família, amigos e namorado.

– Estou pesquisando bastante sobre o concurso, treinando na frente do espelho, mas tudo está acontecendo muito rápido. Espero conseguir representar bem esta cidade que eu amo mantendo a humildade, sem perder a minha essência. Deixo nas mãos de Deus – diz a inteligente estudante e, agora, símbolo máximo da beleza local.

Mais do que representar a cidade, Elisa retrata a realidade de milhares de florianopolitanas: bonitas, mas que precisam trabalhar duramente para conquistar os seus objetivos. A força de vontade da jovem contagia a todos. Se vira para dar conta de tudo, mas sempre arruma tempo para cuidar da beleza e do cérebro.