Com uma vida dedicada à educação e às letras, Miro Morais Matos foi professor, reitor de universidade, jornalista e, aos 84 anos, mantém-se em atividade como escritor e leitor voraz. Atualmente, conclui o novo romance “O Santo, ele que foi um matador”. Ano passado, lançou “Caminho sem volta” e assinou contrato com a editora Almedina para a distribuição na Europa, América Latina e Estados Unidos.

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Com formação acadêmica em Filosofia, esteve à frente desde o planejamento até a implantação da Universidade do Oeste de Santa Catarina, foi reitor, professor titular de oito disciplinas, também diretor pedagógico da Universidade do Estado de Santa Catarina e superintendente da Fundação Catarinense de Cultura.

Nasceu em Gravatal, filho de pai comerciante e da professora Elvira, que escrevia cartas para familiares de analfabetos, ensinava português aos italianos no Sul do Estado e organizava festas comunitárias. Miro Morais carrega em si muito da mãe e em diferentes formas. Recorda-se, por exemplo, que ela plantou, aos 80 anos, sementes de goiaba, daquelas saborosas e grandes. Desse pé, ele colheu frutas e ainda tirou mudas que semeou e floresceu no quintal de sua casa na Lagoa da Conceição, Florianópolis.

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Para além das recordações e registros, suas narrativas convidam a refletir sobre questões da existência como ser humano. Aos 13 anos, deixou a vida rural no Sul para morar em Florianópolis. Nessa época, começou a se interessar em escrever poemas e contos influenciado por suas leituras. Com incentivo do professor Aníbal Pires, criou o jornal da Escola Técnica Federal, onde estudava, e publicou seus primeiros textos.

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Cresceu na Capital do Estado numa época de efervescência cultural com diversas atividades promovidas pelo Grupo Sul, formado por pessoas ligadas ao movimento da Arte Moderna, como os escritores Salim Miguel e Silveira de Souza, entre outros. Miro Morais se juntou a eles e publicou poesia na Revista Sul, editada pelo grupo.

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Em 1967, lançou seu primeiro livro “A coroa no reino das possibilidades”, ainda hoje abordado em estudos acadêmicos, inclusive no exterior. A obra inclui 20 contos independentes, mas que podem ser lidos como capítulos. Entrelaçados pelo narrador-personagem e pelo espaço comum da vila de pescadores, os contos ganham unidade como um romance.

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A obra seguinte, “Cândido assassino” (1983), recebeu o Prêmio Cruz e Sousa e baseia-se em uma história real ocorrida no Estado. Tem como protagonista um presidiário que, libertado por alguns dias no indulto de Natal, roubou e matou dois idosos.

Trinta anos se passaram para o lançamento do terceiro livro, “O reino dos esquecidos”, que exigiu uma vasta pesquisa do autor. Em uma abordagem ficcional, ele faz fiel correlação a fatos históricos. Regressa ao século 19, quando Manoel Manso, fidalgo próximo do Imperador, deixou a Corte do Rio de Janeiro para criar uma vila, personificando a insatisfação com o poder e os desvios do ser humano. O vilarejo de Bravatá, em meio à floresta, atraiu pessoas de diferentes localidades em busca de um destino melhor.

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Miro Morais, que atualmente conduz ao público internacional a mais recente obra “Caminho sem volta”, retoma a Bravatá no próximo livro “O Santo, ele que foi um matador”. Aos 84 anos, o imortal da Academia Catarinense de Letras não se acomoda a uma narrativa tradicional linear e deve surpreender os leitores. Aguardar para conferir o lançamento previsto para até 2023.

*Texto de Gisele Kakuta Monteiro

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