A comentarista Miriam Leitão avaliou nesta quinta-feira os ataques sofridos pela jornalista Vera Malgalhães, no último debate realizado pela TV Cultura, em SP. Miriam também já esteve no centro do ódio. Duramente torturada durante a ditadura, foi reiteradas vezes vítima de ironias e ofensas vindas de um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro. Em conversa com a reportagem do NSC Total, a profissional disse que o jornalismo está em risco neste momento porque a democracia também está:

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— Penso que isso [os ataques] têm relação em parte com o pensamento inconformado de machistas que não toleram o avanço das mulheres e o poder cada vez maior que as mulheres têm.

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As ocorrências envolvendo Vera Magalhães estão entre os 73 casos contabilizados apenas esse ano contra mulheres jornalistas no Brasil. A maior parte deles buscou difamar e constranger as vítimas e teve como autor políticos ou figuras proeminentes. Tudo isso expõe o atual risco de exercer a profissão no país.

Os dados são da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) que mapeia e analisa desde 2013 agressões contra jornalistas. Em 2021, impulsionados pelos ataques dirigidos a Patrícia Campos Mello, a Abraji passou a diferenciar o gênero das vítimas no levantamento. Neste ano, o monitor já recebeu 73 registros e a expectativa é de piora a menos de um mês do pleito.

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A jornalista Miriam Leitão avalia ainda que os ataques contra as mulheres jornalistas são reflexo da atuação do governo Bolsonaro que para ela tem “a violência como projeto”. Ela cita que ao longo dos três anos de mandato o presidente tem o alvo projetado para o público feminino.

Ataques misóginos a jornalistas querem intimidar e calar a imprensa

As agressões verbais do presidente acabam estimulando seus apoiadores a também atacar, explica Miriam. No caso recente, direcionado a Vera Magalhães, o deputado estadual Douglas Garcia (Republicanos) repetiu a fala de Bolsonaro em um debate anterior.

Para ela, a resposta aos ataques é o trabalho jornalístico.

— O que nós mulheres jornalistas temos que fazer é não nos intimidar e continuar fazendo nosso trabalho. Porque do contrário, se a gente se recolhe ou por algum motivo deixa de falar o que a gente fala, deixa de atuar como atuamos, nós estamos decretando a vitória do nosso agressor. O agressor não pode vencer — completa.

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