Assim como lesões na pele e alterações nas unhas, a queda de cabelo está entre os diversos sintomas estranhos da Covid-19. Mesmo não estando ligado diretamente à enfermidade, boa parte dos infectados acaba sofrendo com esse desdobramento e busca medicamentos para revertê-lo, como o Minoxidil. Acontece que esse remédio não é o mais indicado para essa situação, conforme o que alertam os dermatologistas. 

Continua depois da publicidade

Receba notícias do DC via Telegram

Segundo o que explica Fabiane Brenner, coordenadora do Departamento de Cabelos da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), o uso não é recomendado devido ao mecanismo de ação do produto. 

Em uma pessoa sem problemas de queda, cada fio de cabelo se mantém crescendo por mais ou menos seis anos, até chegar à fase em que cai e é substituído por um novo. Isso acontece ao longo da vida inteira.

— Já nos pacientes com calvície, esse ciclo é mais curto e os novos fios vão afinando. O que o Minoxidil faz é estender esse tempo — afirma Brenner. 

Continua depois da publicidade

Só que, no início da ação da droga, caso haja alguns pelos começando a crescer, eles são empurrados pelos novos fios gerados pelo medicamento. Por isso, algumas pessoas acabam tendo uma perda capilar no começo do tratamento. No caso da infecção por coronavírus, a queda de cabelo costuma ser temporária, e a ação inicial do Minoxidil pode acentuar o problema em vez de resolvê-lo. 

— Não é que ele não possa ser usado, mas depende da fase da terapia e da queda. Na maioria das vezes, a gente não precisa utilizar porque o paciente vai se recuperar sozinho depois da Covid — diz. 

Normalmente, o Minoxidil é utilizado para tratar tipos de queda bem específicos, como alopecia androgenética (popularmente conhecida como calvície), alopecia areata (perda de cabelo em formato circular) e alopecia frontal fibrosante. Ele pode ser aplicado de forma tópica no local afetado ou consumido via oral em casos mais avançados. 

Especial: conheça a história dos sobreviventos da poliomielite em SC

Além de prolongar o ciclo capilar, o remédio age através do estímulo ao crescimento dos fios. A dermatologista Simone Neri, que atende em Osasco (SP), informa que ele aumenta a circulação da região afetada pela queda, o que gera uma dilatação dos vasos sanguíneos. Esse processo melhora o aporte de nutrientes dentro do folículo piloso, que é a estrutura responsável pela produção e crescimento dos fios na pele.

Continua depois da publicidade

Apesar de não funcionar em casos de Covid-19, Brenner acha positivo que as pessoas estejam dando mais atenção à perda capilar por causa da pandemia. Porém, ela reforça a necessidade de buscar a ajuda de um profissional ao invés de se automedicar. 

— O paciente pode procurar um especialista por causa da queda por Covid, que é temporária, mas ali ele descobre que na verdade tem calvície, por exemplo. Daí a importância de fazer um diagnóstico diferencial — afirma a dermatologista.

O Minoxidil não deve ser consumido por gestantes, crianças e portadores de problemas renais, cardíacos e hepáticos e pode causar hipotensão e desmaio.

* Maria Tereza Santos

Leia também

SC tem salto de 203% nos casos de Covid em meio à lotação de hospitais: “Vírus veio para ficar”

Continua depois da publicidade

65% dos brasileiros que tiveram Covid lidam com sequelas; diz estudo

Pesquisa mostra eficácia da vitamina B12 para atenuar Covid-19